27.2.03

Pausa da leitura

Começo de feriadão é tudo a mesma coisa. Não tem o que pôr nem tirar. A cidade vai ficando com cara de muchocho, a universidade começa a competir com aquelas paisagens do Saara (sob os 36 graus de hoje, então, perfect), os que ainda trabalham na quinta e na sexta sustentam aquele ar de “tá por pouco, véio”.

Pra contemplar a falta de emoção, uma loja de informática daqui do centro resolver inovar e atrair a desanimada clientela. “Super promoção de canetas, aproveite”. Uou.

*

Cada um tem suas manias, não me venha querer bancar o diferentão. Umas mais, outras menos estranhas. Numa parte da minha aborrecência, não sei por que bugalhos levava a mão à cabeça sempre que tomava água. Contando os goles – os quais não poderiam jamais terminar num número par. Cresci (na estatura) e passei a observar as combinações das placas de carros. Especialmente as letras. Houve vezes em que achava mesmo que determinadas placas estavam predestinadas – a CKZ da vizinha solteirona e marrenta, ou a delicada KCT dum Chevectra rosa-choque terrível que teimava em obstruir a garagem do meu avô. Em dezembro passado, depois da balada de sábado/domingo, um carro à nossa frente (placa AMO) mostraria mais que dois pombinhos ao volante: era um dá-ou-desce legítimo, com o despudorado casal conferindo a eficiência do silicone, em pleno semáforo. Realmente, love dos quentes.

Hoje eu invoco menos com as placas, mas confesso que nomes de estabelecimentos comerciais também constituem atrativo a essa mente mais à toa na vida. Dois me são particularmente carinhosos, devido à carga simbólica que carregam. O primeiro, numa cidadela aqui perto, tinha uma única porta (pela qual duas pessoas não passam, é verdade) e um letreiro cachorro de mal pintado. “Butiqui Fiki Xiki”, assim, personalizado com a letra da Rainha.

O outro, da capitar aqui do Estado, pouco ostentava do ar pseudo-europeu das demais construções e paisagens. Botecão com aqueles mesmos velhos na porta olhando a ‘outra’ paisagem. O nome, bizuco: “Espetinhos Miau-Miau”. Cuidado com as brincadeiras; não engane seus amigos. Se você quer o legítimo espeto do bichano, já sabe aonde ir.

*

E dando prosseguimento à campanha por um carnaval sadio, vamos a

Mais frases de otimismo:

"O homem não morre quando deixa de viver, mas, sim, quando deixa de amar" (Mário Quintana)

“Não faz da bitoca de hoje selinho tolo e sem sentido; podes carecer de cola, amanhã” (anônima)

Arrepiei.

*

random: Just - Radiohead


26.2.03

eu não agüento, eu não agüento

Londrinense é mesmo um bicho estranho, carácole. Daria pra elevar à potência dois, pelo menos, o número de desdenhosos do pobre LEC, vulgo Tubarão, Tuba para os íntimos, quando está em questão ir ou não ao VGD assistir às peladas do time.

hehe, judiei.

Hoje, só porque foi contra o Atlético um mixo empate em 0 a 0, os torcedores mais fervorosos saem à Higienópolis e – claro – passam aqui em frente com um buzinaço de largar qualquer idoso louco. Tudo bem, a equipe foi pras semifinais, mas vá ser hipócrita assim lá no inferno.

Btw, dado o calor insuportável que nos fede a alma por aqui, nada mais coerente. O que salva é o céu estrelado, agora, e incrivelmente azul no dia seguinte. Beautiful.


Um pouco de Pó Royal nessa gente

Pra não ficar sem sentido o post aí de baixo, não, isso aqui ainda não virou terra de ninguém, apesar de estarmos quase em Carnaval. Viva o meu nome – pode não ser o mais lindo do mundo, mas ainda o prefiro àquele hífen sem vergonha denunciando o pau no template.

Ajuda, paciência e sabedoria em HTML infinitas do Fer, esse menino fofo. Valeu, cumpadi, o spaghetti está na agenda. Deixe acabar essa loucura de tcc, e verás o poder do molho ao sugo, hehe

Citei o Carnaval e lembrei do telefonema de há pouco, do namorado (esposo, ela prefere) da Ana. No final, o “bom carnaval pra vocês!” desencadeou a pergunta incrédula do outro lado da linha: “mas você vai passar aí?” (prolongue o “i”, por favor)

Pois é. Fim de semana de altas emoções e pouca folia – mami parece que sentiu os dois meses em que a forasteira não lhe mostra os dentes e decidiu trazer o colo até Maomé, que bom; por outro lado, este fim de semana também é o último de uma fase importante em *nossas* vidas, para o início de outra. Chorona que sou, vou tentar (assim como quase tudo que faço) adiar esse tipo de sentimento pra última hora. Além de não os querer vermelhos demais, como de costume nessas ocasiões, tampouco pretendo ver meus olhos cercados por aquelas ruguinhas penetras. Falemos daquilo que é alegre, ora pois.

*

Sessão frases de otimismo-II

"O prazer dos grandes homens consiste em fazer outros felizes" (Pascal)

“Quando o anãozinho for rude com você, ofereça-lhe pó Royal e Neston” (anônima)

*

random: Black – Pearl Jam



24.2.03

PQP

Tá vendo? Eu bem que tento, mas...

Primeiro esse blogspot me tira o Garcia do nome; agora, desapropria o blog de vez. Isso aqui só não vira terra de niguém porque (miraculosamente) eu não esqueci a senha e o login, caduca que sou.

PQP.


Tietagem sim, e daí?

Certas notícias me entristecem (não linko, não hoje); outras, me dão um prazer enorme publicá-las. Viva a boa música, minha gente!

*

Falar em música de qualidade, hoje foi a vez do meu chefe conhecer Beth Gibbons (que NÃÃO é MTV, como ele pensava, hehe) e Rustin Man. Adquirir um ano a menos de vida, nesse caso, tem lá suas vantagens, sem falsa modéstia. Meu mucho obrigada às companheiras de labuta, as quais, com muita confiança (creio) na escolha desta que vos toma o tempo, me facultaram tarefa mais fofa na tarde de domingo.

Só espero que o contemplado não se decepcione. Figas aí, vai.

*

Mas o que eu gosto, mesmo, nessas datas, são das mensagens escritas. Por isso que meus fundos de gaveta são cheios de cartões e outros bilhetinhos que, na velhice, quero olhar um a um e tentar entender como eu cheguei até lá.

Uou, isso é otimismo pur dimaaaaaais pra uma noite insone. Cuidado no café, crianças, as colherinhas não são de sopa.

*

como não podia deixar de ser,

recommended: Shoot the Moon (alive version) - Norah Jones

Ps.: ei, Cris, combinemos o empréstimo, no pobrem.


22.2.03

RELAXE, TOME ESSA XÍCARA DE CAFÉ, EU SIRVO

Hmm. Nunca fui lá aquelas coisas em matemática - ainda mais que uma superjapamacha nos mandava à lousa pra desenhar aquelas horríveis hipérboles, parábolas, enfim, fazer aquels tracinhos que eu tanto odiava. Sim, de coração.

A dois dias do vestibular (trauma), acordei tentando matar o pernilongo da Fuvest. Estranho? Nem tanto, considerando-se que eu havia sonhado com uma vaca... transposta. Isso aí, também acho estranho. Nunca esqueço a cara do meu pai, me vendo no quarto, em pé, dormindo, tentanto pegar o maldito hexápode cantador.

Por tabela, detestava Física. Não aquela ligada ao cotidiano, a maçã caindo devido à gravidade (verdade que testávamos isso com alguns malas, sob o pretexto, c-l-a-r-o, de praticar a teoria); mas a física das fórmulas odiosas, do professor em abstinência alcoólica (a mão dele tremia, ele ficava bravo, nós ríamos, maus, e quem ficava mau, nas provas, era ELE), que volta e meia separava meu grupo de conversas aleatórias em pequenas distâncias de seis fileiras, cada membro. Não guardo rancores, mas não gostaria de passar por ele num dia chuvoso, de carro, se ele estiver a pé. Ó, que descuido!

A física nem me faz tanta falta assim; não uso óculos, portanto neca de saudade das aulas de Ótica; nem dou sopa com a maçã na mão. Se cair fica amassadinha, escolho outra. Problemas de velocidade média e máxima também eu não teria, deixo o comando do volante ao motorista. Do busão, calaro.

Por outro lado, a matemática nunca me foi tão necessária. Nas contas mensais (more com alguém de Adm - e que goste de calculadora científica - e mande esse detalhe pro saco), na minha vida de dona de casa mercadeira, nos cachorros juros do banco (graças a Deus soltei eles há tempos), na rotina de pré-formanda. Quanta malice junta, God.

Façamos as contas: cada página de word tem, em média, 3 mil caracteres. Portanto, o mínimo de 150 mil seria obtido em simplíssimas 30 páginas escritas. Hm.

Contando que eu tenho complicadíssimos sete dias pra dar conta de 130 mil caracteres (e mais umas noites de sono), são quase 20 mil/dia, ou módicas sete páginas.

Pronto. Minha capacidade vem até aqui; o bastante, já, pra eu pensar em chás de capim cidreira e sessões de choro e olheiras profundas. Quero minha mãe, Jaime!

Até porque, isso aqui já tá parecendo conversa de Galvão Boeno, mala honorário de Londrina. Nharg.

E, no momento, os cuidados maiores serão dedicados à minha garganta manhosa. Salvem as farmácias, essas parasitas.

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random: Under pressure - Queen



21.2.03

DOE SAL PARA O BEM DO BRASIL

Os vírus têm me perseguido. Digital e biologicamente. Ainda penso qual é o pior, mas pensar deixa a cabeça mais pesada ainda.

Nesse caso, vou dançar um axé e já volto.

*

Por isso que eu assisto ao BBB, aquela droga.

*

Estou literalmente nocauteada, no bico, baqueada, na chon - só faltam aquelas pazinhas de lixo pra juntarem o que restou. Que merd*. Só porque hoje é sexta, e amanhã tem coisas chatas pra se fazer. Vá, num queria mesmo...

*

Tem dias em que o que eu queria mesmo, de coração pra coração, era poder mandar todos tirarem minhocas do asfalto quente. Lasqueira.

*

Tá bem, nem todos.

*

# 5 - Sand River



19.2.03

Cuidado com a escada e o gato preto

Já disse uma vez que precisava de uma benzedeira. Acho que não só amadureci a idéia (apesar de não levá-las às vias de fato, por não conhecer nenhuma), como serei, a partir de amanhã, adepta fiel dos banhos de sal grosso. Descarrega, meu nego.

Censura na certa se falo isso às pessoas erradas.

*

Há uma semana, um tiroteio em pleno calçadão da pacata (hahaha) Londrina quase me deixa naquela posição de alerta do Pluto.

Hoje, uma briga justo dentro do meu mercado preferido - em todo$ o$ sentidos. Dois pequenos biplex com maleiro acoplado se pegando (esqueçam a conotação erótica) e soltando umas frases – na verdade, grunhidos – que deixariam aquele louquinho de Bicho de Sete Cabeças com inveja.

Quando saí, sob o olhar de “desculpa pelo incidente, moça” do Heleno, o caixa, o circo começava a jogar as primeiras gotas de gasolina na fogueira de São João.

Que saudade de festa junina.

*

Ia filosofar um pouco mais sobre os assuntos aleatórios deste cotidiano super emocionante, mas só de lembrar o resultado daquela votação de ontem fico com raiva.

Não sabia que tinha tanto ódio no coração, nem tanta palavra feia no repertório. Dhomini lazarento. Idem para a emissora, manipuladora imunda.

*

Não, essas palavras aqui são doces, até.

*

random: Dead Leaves and the Dirty Ground - White Stripes


17.2.03

If you are feeling sinister

Todo dia eu tenho que mandar pro serviço de celular, via wap e sms, umas tais “frases de otimismo”. Hohoho, quanta ironia, disus.

*

Como eu não sou egoísta (só não se meta com o meu Talento de avelã), decidi compartilhá-las com meus tchutchucos leitores – eu sei que, no fundo, SE O SERVIÇO FOSSE DE GRAÇA, vocês gostariam de receber as pérolas, não tentem me ludibriar.

Escolhidas a dedo, ei-las:

"Um homem não é mais que outro, apenas um faz mais do que o outro" - Miguel de Cervantes (assim dizia Adam Smith)

"O homem deve criar as oportunidades e não somente encontrá-las" – Francis Bacon (alguém sabe falsificar – digo, criar – cópias perfeitas de bilhetes premiados?)

"É fácil livrar-se das responsabilidades. Difícil é escapar das conseqüências por se ter livrado delas" Graciliano Ramos (oi Janaina, tudo bem?)


*

Tão otimistas que me dão até sono. A partir desta semana, utilizo este espaço para publicar as que eu adoraria enviar, se também não fosse capitalista e precisasse de emprego. Salve o pay day, hermanos, salve.

*

Se bem que, ultimamente, o dia 10 de março tem me deixado bem mais afoita que os começos de mês. A libertação dos escravos (part one) NÃO é em maio, seus tolinhos, garanto a vocês.

E haja fígado depois disso tudo. “Ritos de passagem são necessários a qualquer civilização”, diria-me a numherhológah que, nas horas vagas, se arriscava pelas teorias da Comunicação. Olha que estrago. Mas não é que a moçoila me convenceu?

*

random: Bacamarte – Depois do fim



12.2.03

da seção Coisas que Revoltam

Corte americana abre caminho para execução de doente mental
da BBC, em Nova York

Uma corte federal de apelações dos Estados Unidos decidiu que um condenado com problemas mentais deve ser forçado a receber medicação para que fique são e possa ser executado.

*

E ainda me chamam de pessimista quando digo que o homem, por natureza, é um ser mau. Aliás, eu não, muito filósofo já disse isso.

Depois o idiota diz que a tal "corrente do mal" está no Oriente. Sei.

lado positivo da decisão Suprema: o primeiro condenado com esse tipo de distúrbio está na ponta da língua. Deixa eu falar, tia, deixa!

*

O sonho pelo jornalismo descompromissado não pode morrer, meus filhos. Ainda farei miséria na internet, deixa estar. Não aqui, sure.

*

E eu me procupando com isso. PutaqueOpariu.



Ugh!

Coisinha mais bunitinha*.

Seria, se eu tivesse um estômago menos acovardado. S-e-r-i-a.

*

gentileza by Sra. Kato, contumaz companheira de Agência Londrix, perspicaz observadora das fraquezas e gasturas alheias. He.



Tiroteio em banco deixa 5 feridos e alguns vidros lascados

Sabe aquelas declarações do tipo: “Eu nunca passei por nada igual!”; “Achei que fosse morrer!”; “Eu acho que nasci de novo”; etc, bem pega-jornalista-trouxa? Pois então, bambinos. Quem me conhece (ou pensa que) sabe que o brega moment não se instaurou por completo na minha vida. Bastam as meias vermelhas que mami detesta de coração, ainda mais se combinadas com aquela camisetinha laranjada-oh-que-sol báásica. Uee.

Soltar tamanhas injustiças mesmo com a nossa já lascada, fodida e mal paga linguagem coloquial (mas deliciosa, quando se trata de xingar até a última geração o Dhomini, que réiva) seria contribuir com assassinos como Márcia Goldsmitch, Adriane Galisteu, Carla Peres e outras istudiosas de plantão, eu sei. Mas hoje eu digo: que cagaço. Apenas, então, somente, isso: que cagaço, meu Deus.

Também nunca fui muito afoita com a expressão “testemunha ocular”, talvez pela minha aflição com olhos e derivados, vai saber. Confesso, porém, que senti-me como tal, numa situação deveras tensa e emocionante, apesar do cagaço envolvido. Pela primeira vez em três dias, na história do jornalismo londrinense, a repórter dá seu breve relato daquilo que, por meros 10 minutos, seria apenas mais uma matéria a cobrir, não fosse o acaso. Veja o relato:

(tradução by National Geographic – com aquela locutora de sempre dublando)
(ah, claro: a entrevista será transmitida em cadeia nacional, no horário nobre. Negociamos com o SBT a veiculação no programa desse horário)


*

(Clima tenso. A entrevistada, entre um riso nervoso e outro, movimentos catatônicos com a sobrancelha esquerda e a mão direita, olha pra trás e se abaixa)

“Eu tinha fome, sabe?, muita fome. Era duas da tarde, e, por Deus!, eu ainda não tinha comido nada. Resolvi conferir se minha encomenda havia chegado, então entrei naquela loja. Puxa, eu nunca imaginei aquilo em toda a minha vida! Por Deus, cara! Descendo da escada rolante, uma muvuca subia correndo pelo outro lado, gritando palavras desconexas. Aí eu desci, mas, por Deus!, que cena! Pessoas abaixadas, outras corriam, uma loucura. Foi a maior confusão que eu já vi na minha vida, de verdade. Uma moça, solidária com a minha cara de pateta, gritou um “ei você, se agacha!”. Passiva como carneirinho de presépio biodegradável, o que eu podia fazer? Abaixei, e, sabe aqueles soldadinhos à la Spielberg? Eu era uma, escondida sob a caixa, meu escudo fiel, até a primeira bala atravessá-la, claro”.

Bala? Como assim?
É, sabe bala de calibre 32, 22, 38? Eu não consegui distinguir pelo som, sabe, foi o barulho mais horrível que ouvi na minha vida, por Deus! E um cheiro terrível de pólvora, caaara, que cheiro ruim! Assim que vi se tratar de um tiroteio, puxa, eu, eu... eu achei que ia morrer e comecei a rezar. Eu sou jovem, gosto de estudar, lavar e passar roupa, limpo a orelha todos os dias, seria uma injustiça eu morrer ali, com uma bala sequer identificada.

Você viu o delinqüente?
Hahahaha, você deve estar louco! Eu só pensava na minha vida, aqueles minutos foram os mais longos, não deu tempo de ver o bandido, só a minha vida, desde a infância. Além dos comentários sobre a mãe dele (Bíti, se não me engano, era o nome dela), só ouvi que estava forrando a agência do Banco do Brasil ao lado de balas; caaara...

E como você se sente agora?
Puxa, é o maior alívio que eu já senti na vida, eu consegui escapar! Eu consegui, e tudo porque uso tênis da...

Alguma mensagem a quem está nos assistindo?
Olha, lutem pelos seus sonhos hoje, porque amanhã pode ser tarde. Eu acho que nasci de novo, e isso não foi por acaso. Eu precisava estar aqui, por Deus, que precisava!

(descem os créditos, com aquelas trilhas make me cry em BG, maestro)

. . . . . .

It’s all true. Menos o sensacionalismo, este que me acalenta na noite longa.

Repassado em tempo real, aliás, pelo celular que (milagrosamente) não acabou a bateria em mais um momento de grande emoção.

*

Acho que preciso dum café, pra relaxar. Licença.

*

random: Ten minutes – Get Up Kids




9.2.03

Pro dia nascer feliz

Fazendo coro ao amigo querido Fadini, deixo aqui minha irrestrita solidariedade pelo sentimento de senilidade que acomete o mesmo.

Hoje foi a minha vez. E tudo começou com um “tia, dá licença?”. Cacilda Becker!

Não sei qual a representação que cada um faz das feiras livres no seu mundinho simbólico. Pra mim, elas sempre remeteram ao sábado de manhã, em companhia de meus avós ou dos pais; as frutas fresquinhas, verduras idem, carrinho cheio. E, claro, o pastel consagrador, porque eu tinha o meu preço.

Não que hoje esses antros de leguminosas e suas colegas tenham deixado de lado a frescura, imagine. Só não estava acostumada a visitar o espaço sozinha, num domingo de manhã, tendo de escolher quais frutas ou verduras iriam pro saco, literalmente. A tarefa, de uma certa maneira, sempre foi conferida às minhas duas mentoras alimentícias e espirituais; daí todo o meu estranhamento.

Concentrada na difícil arte de contar um cacho de bananas, o japa da banca me lasca um “vamo levá, minha senhora?”. Olhei ao redor; só havia eu naquele ângulo. Iiiááá, pensei. Mais umas bancas de caminhada, entre um poddle besta e outro, com suas "mamães" (putz...), confesso que senti enjôo das vozes infantilizadas lançadas a crianças de sina perversa. “Ô meu amô, qué uvinha? Vamo fazê uma comida bem totosa com essa couvinha?”. Ah, que nojo.

Talvez eu tenha perdido a paciência com essas pequenas demonstrações de afeto. Ou não, talvez eu esteja mesmo me tornando uma velha rabugenta sem saco até pra fazer feira. O tempo dirá, meus irmãos...

*

SMS consagrador: horário de verão termina no dia 16 de fevereiro. Salvem as madrugadas que, a partir desta semana, até as primeiras de março, quero executar meu plano de trocar os dias pelas noites. Labuta, nêgo, pero sin perder la ternura jamás.

*

random: Tempo perdido - Legião
- véia, mas apropriada.



6.2.03

Jogue a moedinha e faça seu pedido, por tempo limitado

Hoje eu queria não me preocupar com coisas tolas. Queria ser três, queria mais cinco horas de sono, queria que arrumassem minha cama e me fizessem dormir. E não só aos sábados.

Queria abraçar minha mãe, me despedir de meu irmão, me aconselhar com meu avô, com a sabedoria e o carinho dele. Queria olhar a minha rotina esvaindo um bocado das forças e agradecer por ainda ter uma, já que “a vida é tão difícil”.

Queria ouvir uma música que não me trouxesse recordações de um tempo que, sabemos, não voltará. “Recordar é viver”; não queria que fosse sempre assim.

Agora eu queria a cabeça livre de obrigações. Queria poder jogar conversa fora até tarde, sem remorsos, queria ver aquele show que esperava há tanto no Valentino. Quantas homenagens a Elis eu perdi, só este ano... O domingo é dos Beatles; o meu, do bendito computador.

Eu não queria que existissem aquelas bolinhas de fisioterapia, nem que existissem as dores para serem aplacadas com elas. Meus dedos dóem como nunca, e ainda é tão cedo...

Não queria que a faxineira achasse “um luxo” poder comer ovo frito todo dia – o corpo humano precisa de proteína animal, cara que só. Também não queria ver catadores de papel empurrando seus carrinhos com o peito, debaixo de chuva. Isso é pior que a dor nos dedos e na munheca, minha anunciada LER, prazer.

Queria ver mais as palavras de gente querida, queria ter tempo e motivação para responder às cartas queridas. Uou, amo vocês, paulistinhas dumafiga.

Enquanto os meus desejos não se realizam, eu tento viver à espera de que o amanhã chegue logo. “É preciso viver o presente”, eu sei. Lair Ribeiro, Paulo Coelho, Roberto Shiniashik e seus comparsas também sabem, você me diria. Mas um sentimento quase perene de cansaço me quer logo os dias de março, de abril, e eu o respeito.

*

Se Deus ajudar (porque, nisso, os homens de pouco me adiantariam, tamanha inglória da tarefa), termino hoje de fazer a coisa mais boçal, nojenta, cretina e besta * que poderia alguém ter inventado, depois do trabalho na segunda-feira de manhã.

*Besta
(de carga)
1. Animal empregado no transporte de fardos ou de outras cargas

. . . . . .

Jamais sentirei saudades de decupagens novamente, jamais!
(meus entrevistados que me perdoem, gentes fina!)

*
random: Killing me softly – The Fugees



Da série

Coisas que irritam, mas não causam gastrite

- reuniões agendadas a muito custo, e
- ausência (de uma das partes) a reuniões agendadas a muito custo. O famoso bolo.
- falha de comunicação nos departamentos de Comunicação. O fim está próximo, meus filhos...

*

E eu que preciso do Energético Sete Ervas? Uma ova.

*

Continuando a fabulosa jornada de "Ei, não olhe apenas o umbigo!" deste Bloco, felicitações ao nobre colega Rodrigo Grota, cineasta e escritor em potencial agraciado pela Lei de Incentivo à Cultura. You did it!

*

random: Blister in the sun - Jane's Addiction


4.2.03

Momentu du coração...

(ler o título com voz de locutora de FM, please)

E pra que não me venham reclamar de inoperânica altruística (existe isso?), este Bloco deixa de olhar o próprio umbigo e se lembra, por uns instantes, de que "nenhum homem é uma ilha. Não é". Por isso aqui ficam registradas, para as páginas da posteridade de todas as junk messages do cyberespaço, as sinceras congratulações à nova leva de relações públicas que desponta da UEL, para o mundo.

Parabéns a todas, coleguinhas de comunicação. Que não lhes falte trampo, vontade e nem patrões sem tendências escravocratas. Amém.


"O essencial é invisível aos olhos". N'est pas?

Hoje eu cometi uma pequena maldade. Sem intenção, talvez (os deuses da comida me julgarão), porém a consciência deu pequenas olas de moralismo.

Ir a bancos, defitivamente, é uma sina ingrata. Nunca gostei da tarefa, não me senti "mocinha, já", quando fiz a primeira transação, aos 12 anos (grandes coisa isso com a atual geração de jovens nerds), não vejo nenhum aspecto positivo em ficar em pé com outras pessoas na fila.

Hoje eu não ficaria na fila, é verdade. Também não imaginava que cada ser à minha frente pudesse levar, em média, 40 minutos de caixa praquele tipo de atendimento. Uou, só 35 à minha frente? A tarde vai ser divertida, vivaaa!

Mas bolas de cristal, bem como capa da invisibilidade, máquina do tempo, aparelho de dar choque nas mãos dos outros e de mudar o som da voz, ao telefone, ainda são bens de difícil aquisição por essas eras. Não poderia imaginar que a CEF pudesse ser tão inglória a seus visitantes e fui ingênua. Sim, fui.

*

Segundo a menor* - de 30 - J.O.G., a degustação de um pastel é, acima de tudo, uma atividade socializadora. "É mais divertido acompanhada", explica, sem apontar os mecanismos da estranha motivação. Foi pensando dessa forma que J.O.G., na tarde desta segunda-feira, tomou posse de dois desses pedaços de massa frita, devidamente preenchidos com alguma mistura de frango e cheddar, e se dirigiu ao banco. "Eu os comeria em casa, pois achava que seria só uma passadinha, papéis assinados e pronto!", defende-se a infratora.

A menor não esperava, entrentanto, que o cheiro da mercadoria provocasse efeitos imediatos em alguns clientes do banco. Alertada pela segurança de que o cheiro estava bom demais, ela não se intimidou e decidiu esperar, com a comida poluindo o recinto. "Não foi por mal! Nunca imaginei o impacto biológico do cheiro de pastel na atmosfera de uma agência bancária", justifica-se.

Alertada, a 10ª Subdivisão dos Vigilantes do Peso de Londrina compareceu ao local para tomar as devidas providências, mas as divinas foram mais rápidas. Enquanto os vigilantes retiravam alguns intoxicados para tratamento à base de rúcula e agrião, a menor observava a cena, do outro lado da rua, escondida atrás de um copo de suco de goiaba e de um riso assustado.

Além das testemunhas, a única prova que os vigilantes têm até o momento são fitas do circuito interno de video da CEF. Numa das imagens, J.O.G. vê um garoto obeso a seu lado que, agressivo, lhe pede "um naco aí, tia". A reação é chocante: a menor tira o pastel, dá uma mordida e, depois de comer o primeiro pedaço, deixa a agência. E o garoto, trêmulo; um pouco verde.

A delegada da 10ª alerta a população: "Denuncie esse tipo de crime, minha gente".

* o termo aqui se faz necessário. Anw, evite-o e seja mais feliz.

. . .

CEF, essa é uma parte da minha vingança por ter ido pra casa tirar uma soneca enquanto os glutões passaram a minha vez na senha. Que raiva da burocracia, e que estupidez a minha, Batman!

*

Ei, meu preconceito contra gordinhos não chegou a tanto. Ainda não.

*

Mas que eu infestei o recinto, ah, infestei.

*

Apesar de não saber quais as vantagens disso.

*

Nossa, fevereiro chegou. Socorro, padinpadiciçu.

Atenção: Se você já fez a sua boa ação da semana, clicando em algum mala do BBB, não deixe se prestar sua solidariedade ao Fundo Mútuo Bloco de Notas. Faça uma criatura mais feliz. Como? É simples!

Basta você sugerir formas do dia ultrapassar as convencionais 24 horas. Isso aí, moçada. O fundo precisa de horas! Horas! Porque fevereiro é muito curto para quem tem urgência e pouca inspiração. A premiação será divulgada no decorrer do concurso, a fim de se evitarem fraudes apocalípticas.

*

random: Good night now - The Datsuns


1.2.03

Portishead

Valeu a dica pelo telefone, cherie. C'est superbe, é 'só' o que posso dizer. Além de que sentirei saudades. Muitas.

R o a d s

Oh, can't anybody see,
We've got a war to fight,
Never found our way,
Regardless of what they say.

How can it feel, this wrong,
From this moment,
How can it feel, this wrong.

Storm,
In the morning light,
I feel,
No more can I say,
Frozen to myself.

I got nobody on my side,
And surely that ain't right,
Surely that ain't right.

Oh, can't anybody see,
We've got a war to fight,
Never found our way,
Regardless of what they say.

How can it feel, this wrong,
From this moment,
How can it feel, this wrong.

How can it feel this wrong,
From this moment,
How can it feel, this wrong.

Oh, can't anybody see,
We've got a war to fight,
Never found our way,
Regardless of what they say.

How can it feel, this wrong,
From this moment,
How can it feel, this wrong