24.9.12

enfim, primavera

Era recorrente a imagem da viagem perdida, fosse o meio que fosse. "Qual a sensação advinda?" Dificilmente o sonho era nítido o suficiente pra eu chegar a uma resposta capaz de eu, mesma, me convencer. No começo a recorrência incomodava, depois, passei a achar aquilo simplesmente curioso.

De uns tempos pra cá, volta e meia aparece o entardecer numa rota que já chega a ser, pelo menos pro inconsciente, praticamente 'familiar'. Mas, nesse caso, o alaranjado da estrada de chão batido (é essa imagem bem nítida que eu guardo) dá um conforto grande que sepulta da lembrança sequer a necessidade de perguntas.

Necessidade sepultada como o espinho -- pequeno, sorrateiro, indolor --aninhado esses dias no peito, pouco abaixo do pescoço. Não era um sonho, mas o fruto de uma colheita desastrada no pé de limão do avô. Foi extraído com tão pouca balbúrdia --e sim, sou involuntariamente bem fresca com coisas do tipo --que, por si só, aquilo deveria ser O alívio.

Extraí o espinho.

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"Comporte-se como se seu comportamento fosse repetido indefinidas vezes"; "ato repetido vira hábito, e o hábito vira destino"; "o padrão de comportamento depende, sim, do padrão de pensamento"; "(...) e você estaria condenado a viver para sempre a vida que escolheu viver. Qual seria seu sentimento diante desse destino?"; "(...) mais responsabilidade por aquilo que fazemos".

Resolvi espetar esses outros espinhos na carne depois de uma leitura proveitosa e com a qual, meodeos, eu precisava há tempos me deparar. Só então reparei no tamanho da minha displicência com o que de mais sagrado eu poderia preservar na tal estrada cor de laranja.

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