28.3.10

pondevista

Duas semanas pra alforria.
Duas.
Hoje eu falava pra minha mãe dos exames a menos que ela tinha pela frente - mais uma leva deles, um ano quase após a cirurgia. Pensar em "exames a mais" parece desanimá-la (e eu fico triste com isso), então tentei explicar que, os fazendo agora, é algo a menos com que encher a cabeça (e eu fico bem feliz quando vejo que ela ouve isso).
Portanto, duas semanas a menos na minha espera pela frente, com preparativos a mais (aí eu vi vantagem) pra dar conta.
Jesus toma conta.
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here comes the sun - beatles

21.3.10

polianas coronarianas II

Podia atribuir amizade a um monte de coisa - atitudes, palavras, mas a memória, seletiva até nisso, teimou em ficar com aquele dia na lembrança. A mão estendida na beira da rua, no instante em que as outras ruas davam pro nada, ou cruzavam, confusas; a crença no sorriso depois da tempestade; o empurrão que faltava.

Foi esse o parâmetro mais bonito de amizade que a vida me ensinou.

Boniteza e dureza de parâmetro. Você passa a não se contentar com a profundidade de poças d'água, mas também a ver que a aridez das ruas confusas seca além delas próprias. É esvaziador. Seletivamente esvaziador.
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Não se apagam as digitais das vidas que tocamos, não foi assim que você ouviu? Acredito. Por isso que criança não põe a mão no fogo duas vezes. Não tem pasta de dente que salve. Só o aprendizado.
Sê todo em cada coisa / Põe quanto és / no mínimo que fazes - não foi assim que você leu? Disfarce, consigo, a compreensão. Por vezes é bom deixar de ser pessoa.
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Nada original - Pato Fu

10.3.10

polianas coronarianas I

então juntou todos os pedacinhos feitos em cacos até que se formassem novamente um pedação colado. 'lego' sempre foi dos seus passatempos preferidos. mas tinha se esquecido. tão óbvio que resolveu aprender a jogar paciência – ainda não aprendeu, tantos anos depois do primeiro micro. a imprudência a 100 por hora tem ajudado a entender alguns lances desse jogo moroso.
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aí notou aquelas pessoas, o tempo estampado nas mãos, em relevo, buscando o direito de sair às ruas (legalmente) motorizadas. o olhar de curiosidade e entendimento do rapazinho que fitava décadas de vida, pelo computador, fez da espera algo menos monótono. é curioso como o óbvio, por mais definitivo que se imponha, seja capaz de ainda estarrecer.
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aí prestou um pouco de atenção na propaganda da tv local – buscou uma concentração rara pra tarefa – e percebeu que a tônica de uma e outra eram opostas. a do pretenso jornalão dizia que ele era a solução pra quem queria 'respostas pras perguntas'. a do canal educativo apresentava várias perguntas como mola propulsora de um mundo em processo constante de descoberta. então, na teoria, gostou da dicotomia.
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the loneliness of the middle distance runner - b&s

8.3.10

simples assim

então eu peguei o keane que repousava na prateleira nova e resolvi dar a ele uma chance nova - tão diferente dos outros dois, esse um. terminei com a sensação do antes-tarde-do-que-nunca martelando o peito. sensacional. redenção, alívio e um ligeiro aperto por ter deixado correr tanto tempo.
vai passar.
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love is the end - keane
nothing can touch us and nothing can harm us
and nothing goes wrong anymore