30.7.03

Entre parênteses

Comentando sobre o show de uma banda fofa em setembro, ontem, eu ouvi isso:

– Tenho ódio do Radiohead, do Coldplay e de tudo que é banda depressiva. Ódio. Perco o controle, tenho ódio, ódio, ódio. Vamos mudar de assunto?

Ainda bem que tinha soltado só uma meia dúzia de palavras. Ensaiei uma argumentação do tipo pessoas são diferentes/tudo bem, pessoas gostam de coisas diferentes/(ok, ok, tenho pena de algumas pessoas)/pessoas têm sentimentos distintos em relação à música, patatipatatá.
Depois de descobrir que meu sucinto interlocutor

1– é fã incondicional de reggae, xote, baião, pagode, samba e pop nacional ATUAL e
2– tem uma namorada que tentou suicídio ouvindo “OK Computer”,
entendi que sou devagar, bem devagar, bem devagar, bem devagar, devagarinho pra desistir de um objetivo. Tive que abrir mão aqui, pois não quero evangelizar prego, muito menos tenho batina pra tal.

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Sempre fazem aquela piadinha super criativa em relação a um de meus sobrenomes. “Ah, sei, teu pai é dono da viação Garcia, né?”, 3 em cada 2 babões me lascam no ouvido. Presta atenção, garoto: o dia em que meu pai me cobrar 110 pilas pra uma viagem até Sampa (a qual aproveitarei DOIS longuíssimos dias, poutz), eu me deserdo. E ainda peço o ISOPai de volta.
Ele não seria tão mau com a filhota que não vai pra casa no segundo domingo de agosto (mas que sabe o presente que ele quer, hehe). Seria?
Anyway, faço o teste só depois de a encomenda do Sedex chegar.

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Se os gostos são diferentes, benza Deus, digo que, pra mim, o sujeito que emprega a pontuação (essa relegada a segundo plano, pobrezinha) corretamente merece confetes coloridos da minha sacolinha branca cor de poodle. Não me pergunte o porquê; só sei que foi assim.

Um dia, então, eu tento entender minha incapacidade de escrever sem usar parênteses, esses mequetrefes atravancadores de texto (imagina).

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Festinha hoje à la anos 70. Uhu!
Trampo amanhã cedo, sono acumulado e mais ene coisas por resolver até... hm, amanhã. Ugh.!
Nessas horas eu consigo ver uma listagem completa de motivos éticos clamando desesperados pela realização da clonagem humana. Aí me lembro da seqüência do elefante (que “...incomoda muita gen, teee... dois elefantes incomodam....”), e meu lado Antinori-radical-sanguinolento vai embora rapidinho. Pensando bem, melhor não. Ou meu pobre maninho, sobrevivente de guerra, teria desertado há moito do posto.

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random: Myxomatosis – Radiohead

29.7.03

Cul de sac

Felicidade combate o vírus da gripe, dizem pesquisadores

Pessoas felizes teriam três vezes a menos de chance de ficarem gripadas, de acordo com uma pesquisa conduzida por psicólogos americanos.

O pesquisador Sheldon Cohen, da Universidade Carnegie Mellon, na Pensilvânia, liderou um estudo com mais de 300 voluntários saudáveis. Cada um foi entrevistado por duas semanas para que seu estado emocional fosse medido. Eles foram classificados em categorias positivas --felizes, satisfeitos, relaxados-- e negativas --ansiosos, hostis e deprimidos.

Depois, cada voluntário recebeu um jato de spray com o vírus da gripe. Nos cinco dias seguintes, eles passaram por mais entrevistas enquanto os pesquisadores buscavam sintomas da doença. Os voluntários enquadrados nas três categorias positivas também foram aqueles que apresentaram mais resistência.

Para Cohen, pessoas felizes costumam ter estilos de vida mais saudáveis, com níveis controlados de estresse, o que afeta o sistema imunológico.

A pesquisa foi publicada na última edição da revista "Psychosomatic Medicine" (www.psychosomaticmedicine.org).


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Estou cética hoje (não brinca!). Por isso, vírus malditos, rapem fora.

28.7.03

No concurso pra coveiro:

– Nenhum problema em ter um namorado que mexe com pessoas mortas?
– Não, imagina. É gente como nós. (sic) Além do mais, SE eu não estivesse empregada, faria a prova também. É uma profissão muito massa.

Ê povinho mais mentiroso, jisuis-maria-josé. Queria dar uma enxada pra essa negada cavar três covas de sete palmos por dia, sob sol ou chuva. Muito defunto daria um jeitinho de se virar, tenho certeza.
E antes que me achem preconceituosa, não tenho nada contra os coveiros. Mas não toparia meeesmo a parada, cagona e fracote que sou.

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Na rua, na saída do mercado, dois velhotes:

– Faaaaaaaaaala, malandrão!!!!!! Sumido, héin? Que que tá aprontando, me conta?
– Minha mulher faleceu há duas semanas...
– (cara de parvo)
Vai, malandrão, falastrão, pega que é tuuuuuuua.


Lari, lará, que às vezes eu queria ser surda-da. Tá loco.

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Mais reforma da previdência:

Só porque eu dei de ombros pra essa idiotice toda, agora o cuspe acertou em cheio o meu terceiro olho, na região do nariz (porque não sou Elba Ramalho, meu rei). Se acontece sacal reforma, continua essa droga de greve de servidores (instintos terroristas, tomem prumo!), o que impede que eu leve meu diploma para obter o tão sonhado, ansiado e desejado registro no MTb. Uou, forrrtes emoções, bixo.
É um argumento bem egoísta, mas de uma pureza inenarrável*.

*Oh, a segunda-feira atingiu em cheio esse meu coração pleno de sono. A semana promete...

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random: Tá bom – Los Hermanos

26.7.03

Quem gosta deles põe o dedo aqui


Não sei, mas penso que, pra algumas criaturas desse mundo, um inferno bem quente, bafejante e com caixas de som no último volume com aquele pagodinho em mid, porreta, seria pouco como castigo. Falo dos hackers, essa raça sub-humana covarde, boba e feia.

“Pra que tanto ódio em teu coração, oh, por quê? Hackers também são seres humanos!”, me diria aquele que avistasse o fel nas palavras. Que se dane, eu odeio de todo o meu coração essas figuras que me atrapalham o trabalho de manhã, travando o micro 11 em cada dez vezes, ou como agora, quando eu lerIA uma matéria que fiz ontem e que (ai que delícia) será retomada amanhã. Concurso pra cargo em cemitério é foda, mas isso aqui consegue ser pior:

We are a little in this world
but from the little that we are
we know how to make the difference!


Quem quiser ver (vamos ver se a galera do CPD da Folha consegue ser mais rápida, rá), a singela mensagem do teenatack está aqui.
Isso que dá excesso de leite na idéia e mamãe ausente.

*

Os comentários deste bloquinho voltaram. Ainda bem, porque eu dificilmente os leio só uma vez.
E, a propósito, um amigo fez uma enorme caridade esta semana, pra quem ouvia e cantarolava partes de faixaginha tão fofa, sem saber em que álbum jazia, muito menos o nome da desgramada. Valeu, truta.

random: My Uptight Life – Teenage Fanclub


The morning sun opens up my eyes
What I see is the same world I know you're seeing
My dreams are real until I realise
Realising's a slow fade from thought to being
The waking world is full of cynics' sighs
Cynicism's a box I don't want to be in
I'll stay in bed until I stabilize

I try to write this song
To move my life along
I know what I dream of
I'll save my life for love

Hidden meanings don't need to hide
When I hide from the world you're the one who'll find me
They don't need screening from the world outside
If the truth's overdue I know you'll remind me
If the truth police are sniffing out a lie
I've done nothing in life I can't put behind me
I'll use my life as an alibi

Meaning is something I got from you
Whenever I lost the plot you knew
What is it I haven't got
When I've got you

Meaning is something I got from you
Whenever I lost the plot you knew
What is it I haven't got
When I've got you

All my life I felt so uptight
Now it's all right.


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Nada a declarar depois disso. Só que falta uma semaninha, uma semaninha, uma semaninha pra eu ir pra cidade que eu mais amo nessa minha vidinha pseudo-acomodada.

22.7.03

Amém.

Eu tenho lido uns posts tão legais ultimamente, nos meus blogs preferidos, que às vezes acho até desnecessário postar algo aqui. Meu vício, alimentado até a última linha de vocês, agradece.

*

E antes que eu me esqueça, faltam dez dias.

21.7.03

Alien

Às vezes eu penso se estou mesmo na profissão certa. Não que não goste do que faço; poderia desfiar um terço aqui, como já fiz em partes, em vários outros posts, sobre o tesão que é praticar o jornalismo.

Mas reforma da previdência, perdoem-me os atualizados de plantão, é um Porre. Menina esforçada que é, fã dos cadernos de política e tudo mais (isso é sério), Janaina até tenta ler aquelas longas matérias e acompanhar aqueles graficozinhos mais ilustrados, cheio de setas vermelhas e balões, mostrando o que muda e quem se ferra, literalmente, com as superemocionantes alterações no texto da previdência. Mas (sempre há um conectivo desses na sua vida, é questão de tempo) não dá, é mais forte que eu.

20.7.03

Take it easy, eu costumava dizer

Nunca pensei que um carregador desaparecido fosse capaz de me deixar tão, mas tão, mas tão puta.
Aliás, perder coisas inexplicavelmente (e olha que eu consigo isso dentro do meu próprio quarto), além de corriqueiro (e, claro, aparecem quando você NÃO as quer), é algo extremamente irritante à pessoa humana de Janaina.

E o biiiii de bateria fraca apitando não fica atrás. E acordar cedo no domingo pra trabalhar, toda feliz e faceira (o que uma caipirinha na noite anterior não faz, Disus), e ver dois servidores fora do ar (é, justo os que vc precisa), também.

Mais ridícula que minhas reclamações, só a propagandazinha contra o fumo, do Governo Federal - agora com áudio -, durante a corrida de Fórmula 1. Coisa mais besta. Até eu que não sou adepta de artefato tão fedido (desculpem-me os fumantes, mas aquilo é nojento) acho tudo uma baboseira, ou, como diria um dos porteiros, "baita gastamento de dinheiro do povo, sô". Então tá.

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Eu quero um carregador
Eu quero um carregador
Eu quero um carregador
Eu quero um carregador

(quem espera sempre alcança?)

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Alcança. Pelo menos o Barrichello, coitado. Anyway, "brilhante e perfeito", nas palavras do mala superlativista da Globo, é um pouco demais de se ouvir a quem já viu Ayrton Senna correr e dar seguidos shows.

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random: The sun shines from you – Teenage Fanclub
Impossível ficar brava por muito tempo depois disso. Fora que o dia está lindo lá fora, ah, se está.


18.7.03

Aguarde um minutinho, senhora

Por um baita acaso ouvi ontem no rádio que reclamações de clientes dos sistemas de telefonia parecem ter perdido um pouco da burocracia, já que o Procon andou agilizando as paradinhas judiciais contra esses malas.
Não bastasse pagar mais caro numa droga de aparelho só por ele ser pré-pago; ter de aturar uma bateria bizonha que dura no máximo DOIS! longuíssimos dias (e que, claro, me deixa na mão naquelas ligações mais importantes); esperar o sms que não vem (e ser obrigada a ouvir a atendente me perguntar “como que a senhora faz para ler suas mensagens no apareeeelho?”, aff), tenho hoje a felicíssima notícia de que meus créditos, bem guardados que estavam, tiveram o segundo arrastão à la Fernando Collor em menos de dois meses.
Quando eu falo que a vida é feita de despedidas, não estou brincando. Mas nesse caso, se despediram e nem me avisaram, calhordas.
Logo me despeço rumo à China, vocês vão ver.

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Hoje eu vi uma cena na rua que me lembrou o grande teórico da classe média lebloniana, Manoel Carlos (ok, forcei um pouquinho) .
Por sinal, foi bem em frente ao colégio de freiras aqui perto. E ao lado do bosque que (de frente para o antro religioso – rárárá), à noite, seres de intenção pouco cristã fumam suas substâncias perniciosas. Bando de pecadores.
Era perto das nove da manhã. Ao longe, esta escriba (essa palavra me lembra o Brasil Colônia, don´t know why) avistou uma senhora de seus 50 anos (estaria ela embebida em Renew? Oh, será?) sacando, sorrateira, uma daquelas garrafinhas de bebida e dando-lhe uma golada de fazer inveja a muito bebum que eu conheço. Aliás, sempre achei que aquilo é frasco de perfume.
Pois é. Se a vida é foda - diria alguém a alguém que não agüenta mais ouvir isso - tenho medo de imaginar como é a da tiazinha da bebida.

[ Não, pequeno. Aquilo não era Taffman, nem chá de poejo, antes que você me tache de maliciosa. Eu vi a expressão de Santana depois, eu vi. ]

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Aulas de alongamento são verdadeiras bênçãos quando se precisa muito de um encontro providencial com elas. E são as mesmas que mostram o quão limitado é o ser humano, seja para levar os braços até atrás da nuca, seja para encostar o cotovelo no chão, naquelas posições mais cadelas.
Eu hei de melhorar, eu hei de melhorar, a neurolingüística me disse!
(passar frio nos dedos da mão, adverte o Ministério do Bom Senso, é um perigo pra cabeça)

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random: Rebel Rebel - David Bowie

17.7.03

A primeira noite depois de muito tempo

Minha primeira experiência como produtora de programa jornalístico foi em rádio, no (pra mim, tá?) já longínquo ano de 2000. Divertido, mas trabalhoso (como tem que ser, se tiver que prestar), o rebento era um documentário sobre a autonomia feminina, com os devidos espaços preenchidos (e os que faltavam ser) por nós (licença, homarada). No fim, sangue, suor, lágrimas e noites em claro da equipe teriam de ser coroados com um título minimamente coerente. Pouco adepta de Coca-Cola que sempre fui (aquilo é desentupidor de pia, sente só), a qual fui meio que obrigada a tomar naquelas longas noitadas de diversão intelectual (roteiros longos não são legais, não são), sofri o impacto n’alma, acompanhada de meu fiel escudeiro, o co-produtor Du, na engrenagem do nome: “A força do sexo frágil”.

Pois bem. Três anos depois, além de achar isso tudo brega até a cutícula do dedo mindinho do meu pé esquerdo (mas, ok, reconheço: minha consciência é uma pluma francesa), eu chego à conclusão de que, uou, essa pecha ainda predomina nalguns setores nunca dantes superados por nossas representantes da TPM. Sim, minha pequena, não te aflija. Sê humilde e reconhece que inocentes partidinhas de futebol diante de homens bobos e maus exigem, sim, que proves tua força. Caminha adiante, altiva, e avista a cruel verdade: destreza também não te faz mal. Bem como preparo físico, tática de jogo, noções de posicionamento, até a comemoração do gol. Ou seja: pequenos detalhes que não fazem mal a ninguém que queira se aventurar por terreno tão ardiloso.

Agruras, agruras. Minhas pernas dóem como nunca, essas safadas.

*

Diria aquela personalidade bigbrotheriana, num lampejo de sabedoria matuta, que muita coisa nessa vida “faiz parti”. O mel no convívio social nos expõe a provas das mais ridículas, é verdade, mas quero crer que ontem cheguei ao fundo do cacho. Tem como descer mais?

*

Tem, basta repetir na próxima terça o grande confronto com aquelas que, como jogadoras de futebol, são ótimas jornalistas. Realmente, a Folha tem uma equipe surpreendente, não é folclore. E das mais divertidas também, já que até platéia tivemos.

*

Essas safadas dóem, e Sampa daqui a duas semanas. Elas que se regenerem, essas pilantras, porque antes disso eu preciso caminhar para os afazeres mais simples.

*

Só mais uma coisinha: sexo frágil o escambau. Eu nem vi estrelas, pô.

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SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA:

Ahn? Sério?

E, Notinha Mental: Oxalá minha conta me permita a pequena luxúria de visitar a cidadegrande dois meses consecutivos. Seráááá ...?
que existe vida.... após o parto?

*
random: I fought in a war – B&S

12.7.03

"Debaixo de sete chaves..."

A vida é feita de despedidas. Constatação de gente deprimida? Que isso, mera conclusão desinteressada.
Você nasce e se despede do quentinho e protegido útero materno. Nem deve ser assim tão boa a separação, porque você chora (e, não, não é de frio nem por fotofobia).
Cresce, e mais e mais despedidas vão se acumulando aos borbotões, a começar pela infância. A diferença é que você a deixa praticamente sem notar; quando se dá conta, aquele alguém na família já lhe está lhe chamando de mocinha ou garotão. Brega, mas real; aceite ou não.
Um pouco mais tarde que você vá pra cama e acorde no dia seguinte, a adolescência está ali, na esquina, dando tchau com aqueles amigos loucos que ficarão pra sempre na memória. Mas ela não vai sozinha, desde que a fique esperando sumir no horizonte. Sim, a juventude é um bem precioso - desde que você não se preocupe muito com prazos de validade e afins.
Ei, sua vida já é cheia o bastante pra se preocupar com tolices, acaba logo esse trabalho, caramba. Oooa.

Nem toquemos na questão de pessoas, então. Essas são as piores despedidas, de longe.

*

Hoje uma quase irmãzinha foi embora. Saudades desde já das besteiras e sessões de análise grupal promovidas em tão singela "república"; nem um pouco de saudade desse termo tão impessoal. Aqui já éramos praticamente três irmãs, diferentes entre si, mas uma semi-família, de qualquer jeito.
Como já tive (ainda bem que o pretérito é perfeito) o sonho de ser aluna da USP, estou parcialmente triste pela partida. Se não estivesse, seria o ser mais egoísta desse mundo, além de A MAIS exagerada. E a mais humilde, a mais superlativa, a mais.... bem, vocês sacaram.
Tudo isso só pra dizer boa sorte, Ana. Que você não mude, amiga.

*

Uma das coisas boas da vida, por outro lado, é que ela também é feita de renovação. Sorte a minha. Espero que a sua, também.

*

Tenho frio, e as meias e luvas hoje não me adiantam de nada.

*

random: Fiction (reprise) – Belle and Sebastian

10.7.03

Sem conhaque, por favor

Eitcha .
Aí eu lembro das vantagens do inverno, de novo dos 700 Km e acho tudo isso grands coisa.

*

Sabe aqueles dias em que vc acorda sem ter a mínima vontade de ganhar um abraço? Pois é, não tenho a mínima noção do que isso seja.
Campanha por um inverno mais quente, já.

*

random: Panpanpan - Os Incríveis Pedreiros (versão acústica)
ps.: minha viagem à China precisa ser marcada logo.

7.7.03

Game over

E da incrível série “Como iniciar bem a sua semana”, a dica de hoje é simples: esgane as segundas-feiras de temporal e céu escuro, muito escuro, e enforque as que, além disso tudo, ainda comportarem a ingratidão de ter contas (e mais contas) a pagar. Literalmente, ninguém merece.

*

Incrível como algumas pessoas ficam mais velhas e mais teimosas. Duvida? Pois não ouse, senão lhe apresento meus pais. Eita gente turrona quando quer, tá louco.

*

Ah, sim. Nada da fã número 1 da Cássia Eller na viagem pra Little Golds. Porém, ela me fez o favor de enviar dois representantes de peso: o Sujeito do Minigame, que intercalou ronco e aquele delicioso pipipi eletrônico ao meu lado em pelo menos detestáveis 2/3 do trajeto, e o Hippie Cabelera. Confesso que cada vez que ele mexia o cabelo, eu tremia. “Grande incômodo, sua velha rabugenta!”, você pode (ingenuamente) pensar. Como todo hippie que se preza, ele vende aqueles pseudo-artefatos “tudo de prata”, é claro, mas é lógico, que dúvida, A QUEM, dentro do bus, ele demonstraria todo o seu dom de vendedor? (uma banana prata a quem adivinhar). Isso sem contar que vim fazendo pequenas preces para que aquilo, mal ajeitado no teto, não despencasse na minha idéia. Chega de estragos, eu já assisti Show da Xuxa demais.

*

random: There there – Radiohead

4.7.03

Fita adesiva para os olhos: alguém? Alguém?

Uou, alojaram um ET no centro da minha pobre garganta, e uma dose extra-forte de fraqueza na bebida de ontem. Lesera, ressaca, ziriguidum. Mamãe e papai que me agüentem, pois estou de balanço de hoje à noite até domingo.

MOMENTO DE PRECE
"Viação Garcia, seja complacente e não deixe que ninguém sente atrás de mim cantando Cássia Eller, em voz alta. O raio não pode cair três vezes num mesmo lugar, vai, ouça essa súplica."

Bom fim de semana, moçada, alcoólico ou não. Beijo da magra, uoooooooooooooou
(depois da infâmia, saída estratégica para um banho providencial de sal grosso)

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
random: Every you, every me – Placebo


3.7.03

Santôs! Santôs! Gooooool???

Aqui se faz, aqui se paga. Porque assim disse o Senhor:
– As pedaladas de hoje serão caneladas amanhã, meu filho. Sê humilde.
Mas Robinho, menino faceiro, cheio de energia e ousadia, não ouviu.
(Aplausos, Robinho.)

*

Aqui se faz, aqui se paga. Os chavões de hoje reverter-se-ão em construções textuais apocalípticas amanhã. Como tenho uma reputação a zelar (e, quem sabe, a construir), isso é tudo. Pero condado, ¡hasta pronto!

*

Ontem estava lendo o noticiário eletrônico da UEL e fiquei com aquilo na cabeça pelo resto do dia. O tiozinho da recepção da Biblioteca Central, que eu encontrava no restaurante praticamente todo dia: vítima fatal de acidente de moto. Ainda ouvi quando essa notícia chegou à redação, no plantão de domingo, o que (mais um pouco e eu viro um iceberg) pouco me afetou. São tantas notícias, afinal, poxa. Talvez agora eu entenda o que uma fotógrafa do jornal me disse, certa vez, sobre não fixar o olhar em cenas degradantes. Focaliza, bate a foto, mas neca de olhar pra cara das vítimas. Pra mim, aquele motoqueiro (40 anos e pai de duas filhas, por sinal) deixou de ser só estatística. Agora é uma espécie de fantasma, que passa ao meu lado, antes de pegar a bandeja, e diz “oi, tudo bem?”, de tanto que o tcc nos colocava em contato, toda semana.

Buuuu, menina.

*

Um pouco mais de morbidez e eu juro que mudo de profissão. Ainda não é o caso.


*

random: Todo carnaval tem seu fim – Los Hermanos

2.7.03

Só por hoje

Há um bom tempo, quem pronunciasse a belezura “mês de julho” perto de mim certamente conseguiria até enxergar a menina dos meus olhos se expandindo, toda faceira e serelepe, acompanha de tímpanos hipersensíveis. Férias, viagem com a família, catavento na estrada, pequenas brincadeiras de cunho bastante maldoso com Xaninho, o gato da minha tia (aliás, todos os gatos tinham esse nome, pra ela), fora a renca de primos (e põe renca nisso. Janaina literalmente é uma na multidão) e os doces que suas prendadas mães faziam – isso tudo é apenas a ponta da unha do dedo mindinho de tudo que eu consigo associar a essa palavrinha tão meiga: j-u-l-ho.

Eu disse meiga?

Em quatro anos de facul, duas odiosas greves meio que deturparam esse sentido tão pueril registrado aqui, no fundo da cachola. Nos dois outros que restaram, eu estava engatinhando na vida de assalariada, e, como tal, o tronco não daria esse luxo de férias tão cedo. Aliás, em dois anos nessa rotina, esse é outro símbolo que começa a perder o significado pra mim. Agruras, agruras. Isso porque, na minha concepção de adolescente nem um pouco tendenciosa, era só a vida de médico que exigia dessas coisas.

Hoje, por outro lado, é tudo bem mais fácil. Sou reclamona por natureza, mas, também, bastante contraditória – a ponto de dizer que, uau, eu prefiro tudo como está, antes na loucura que no marasmo. Até quando eu vou pensar assim é tão simples de responder quanto Janaina resolver uma questão de Física sem rugas na testa. Por isso mesmo, eu nem tento. O chato, somente, é que em vez do Xaninho maldito, dos passeios ao sítio e dos pentelhos dos meus primos, julho hoje me lembra que o remédio está quase acabando, e a noite promete outro round do meu nariz versus a odiosa rinite, amiga inseparável da bruxa velha e irritada, a garganta. Nada meigo, nada.

*

Eu faria uma piadinha infame homenagenado a "nação" santista (eu diria "condado", mããs...). Melhor não.

*

Ao menos por hora.

*

random: Tátóntan (pausa) tantonpápá - Os Incríveis Pedreiros
Obs.: esse CD, além de repetitivo, não é recomendável nem ao seu pior inimigo.