12.7.03

"Debaixo de sete chaves..."

A vida é feita de despedidas. Constatação de gente deprimida? Que isso, mera conclusão desinteressada.
Você nasce e se despede do quentinho e protegido útero materno. Nem deve ser assim tão boa a separação, porque você chora (e, não, não é de frio nem por fotofobia).
Cresce, e mais e mais despedidas vão se acumulando aos borbotões, a começar pela infância. A diferença é que você a deixa praticamente sem notar; quando se dá conta, aquele alguém na família já lhe está lhe chamando de mocinha ou garotão. Brega, mas real; aceite ou não.
Um pouco mais tarde que você vá pra cama e acorde no dia seguinte, a adolescência está ali, na esquina, dando tchau com aqueles amigos loucos que ficarão pra sempre na memória. Mas ela não vai sozinha, desde que a fique esperando sumir no horizonte. Sim, a juventude é um bem precioso - desde que você não se preocupe muito com prazos de validade e afins.
Ei, sua vida já é cheia o bastante pra se preocupar com tolices, acaba logo esse trabalho, caramba. Oooa.

Nem toquemos na questão de pessoas, então. Essas são as piores despedidas, de longe.

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Hoje uma quase irmãzinha foi embora. Saudades desde já das besteiras e sessões de análise grupal promovidas em tão singela "república"; nem um pouco de saudade desse termo tão impessoal. Aqui já éramos praticamente três irmãs, diferentes entre si, mas uma semi-família, de qualquer jeito.
Como já tive (ainda bem que o pretérito é perfeito) o sonho de ser aluna da USP, estou parcialmente triste pela partida. Se não estivesse, seria o ser mais egoísta desse mundo, além de A MAIS exagerada. E a mais humilde, a mais superlativa, a mais.... bem, vocês sacaram.
Tudo isso só pra dizer boa sorte, Ana. Que você não mude, amiga.

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Uma das coisas boas da vida, por outro lado, é que ela também é feita de renovação. Sorte a minha. Espero que a sua, também.

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Tenho frio, e as meias e luvas hoje não me adiantam de nada.

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random: Fiction (reprise) – Belle and Sebastian

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