2.7.03

Só por hoje

Há um bom tempo, quem pronunciasse a belezura “mês de julho” perto de mim certamente conseguiria até enxergar a menina dos meus olhos se expandindo, toda faceira e serelepe, acompanha de tímpanos hipersensíveis. Férias, viagem com a família, catavento na estrada, pequenas brincadeiras de cunho bastante maldoso com Xaninho, o gato da minha tia (aliás, todos os gatos tinham esse nome, pra ela), fora a renca de primos (e põe renca nisso. Janaina literalmente é uma na multidão) e os doces que suas prendadas mães faziam – isso tudo é apenas a ponta da unha do dedo mindinho de tudo que eu consigo associar a essa palavrinha tão meiga: j-u-l-ho.

Eu disse meiga?

Em quatro anos de facul, duas odiosas greves meio que deturparam esse sentido tão pueril registrado aqui, no fundo da cachola. Nos dois outros que restaram, eu estava engatinhando na vida de assalariada, e, como tal, o tronco não daria esse luxo de férias tão cedo. Aliás, em dois anos nessa rotina, esse é outro símbolo que começa a perder o significado pra mim. Agruras, agruras. Isso porque, na minha concepção de adolescente nem um pouco tendenciosa, era só a vida de médico que exigia dessas coisas.

Hoje, por outro lado, é tudo bem mais fácil. Sou reclamona por natureza, mas, também, bastante contraditória – a ponto de dizer que, uau, eu prefiro tudo como está, antes na loucura que no marasmo. Até quando eu vou pensar assim é tão simples de responder quanto Janaina resolver uma questão de Física sem rugas na testa. Por isso mesmo, eu nem tento. O chato, somente, é que em vez do Xaninho maldito, dos passeios ao sítio e dos pentelhos dos meus primos, julho hoje me lembra que o remédio está quase acabando, e a noite promete outro round do meu nariz versus a odiosa rinite, amiga inseparável da bruxa velha e irritada, a garganta. Nada meigo, nada.

*

Eu faria uma piadinha infame homenagenado a "nação" santista (eu diria "condado", mããs...). Melhor não.

*

Ao menos por hora.

*

random: Tátóntan (pausa) tantonpápá - Os Incríveis Pedreiros
Obs.: esse CD, além de repetitivo, não é recomendável nem ao seu pior inimigo.

Nenhum comentário: