28.1.10

esqueça a rima que for cara (devagar)

E é então que a alegoria da mochila e seus pertences fica insistente na memória. O que se guarda? O que tirar antes de por fogo na tal, no dia seguinte, de manhã? Fotos pra que, se existe ginko biloba pra memória? O que faz mais peso nas alças?
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E é então que essa tal 'alegoria' não me sai da cabeça. Acordo com umas palavras - já foi pior: músicas bregas, por exemplo - que não ouvia ou lia há muito tempo. Hoje foi essa, numa brincadeira tonta com um amigo; ficou, foi pra alça. Amanhã, quando eu acordar no duelo com os quatro alarmes, já esqueci.
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E então eu me lembrei daquela mulher que vi ontem cedo, logo cedo, e já com um olhar de quem havia passado uma semana inteira pensando sem solução pra não sei o quê. O que ela procurava naquela esquina, sentada à frente do estabelecimento (mais um) que virou mocó em ponto nobre? Não sei. É difícil às vezes encontrar, pra si e pros olhos - esses seres de vida própria -, respostas pro que se procura numa esquina. Talvez só atravessar a rua, olhando o semáforo. Um saco chegar a uma conclusão besta dessas depois de olhar um tempão pro céu imaginando que um avião, caindo ali, podia ser também uma das alternativas. Não é, e atrás alguém buzina, porque a luz vermelha esverdeou.
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Aí, janela à tarde escancarada graças à pane do ar condicionado, eu vi aquelas pessoas andando, tranquilas, enquanto caía o mundo em forma de pancada de chuva de 10 minutos, fazendo fusquinha pra um sol bonito que abriu (me disseram depois que, inclusive, com uma faixa de arco-íris). Estranhei o que os olhos mostravam, e agora percebo que os seres de vida própria, suscetíveis a alegorias tolas, não perceberam que não era gente exatamente alheia à chuva. Teria algo, aliás, em suas mochilas?
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Samba de um minuto - (claro,) Roberta Sá