21.11.02

Sem título

Numa época bem remota da minha infância eu acreditava em Papai Noel. Tanto que mantinha aqueles rituais de deixar chinelinho na beira da árvore, junto aos do maninho, pro velho botar os presentes lá. Até medo de ficar acordada depois da meia-noite eu tinha. Ô, dó.

Mais que isso: deixava lanche pra figura.

==Você pode se perguntar, galhofoso: "(Que mané!, etc) Uau, em que mais essa pirralha acreditava?!, yah yah yah" (minha vingança)===

It isn't toy, no!, eu também acreditava na Mamãe Noel. Resultado: com minha destreza ímpar em preparar sucos e afins, meus pais tiham de comer e beber tudinho, na madruga, na surdina, pra não acabar com o sonho de Natal.

Eu acho que 'só' por isso eles já vão pro céu. Têm traumas de Tang laranja e uva até hoje, os pobres.

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Na minha primeira tarde de liberdade condicional (pq tenho meus pupilos), vi uma decoração natalina linda. E olha q nada mais kitsch que aquelas bolotas douradas com vermelhas, com serpentina (?!) em alguns pinheiros da terra de São Nunca (a bem da verdade q, pra esses fabricantes de meia caneca, "tuia" deve ser algum resmungo de criança), papais noéis (suei frio agora) de plástico brasileño...bem, já deu pra imaginar, não subestimo ninguém.

Mas também nada mais estranho q o sentimento q, depois de uma certa idade, eu passei a guardar em relação ao Natal. Apesar de a família toda junta, ela se tornou uma data triste, de uma forma que é simplesmente impossível explicar. Talvez seja a vontade de nunca ter saído da infância, do colo da mãe, das conversas do pai, do leite quente preparado pelos avós, dos conselhos do - e para o - irmão, do quarto sempre arrumado (hehe, república é pho-da), da tola perspectiva de que as responsabilidades estavam muuuito distantes.

Bastante incoerente pra quem sonhou em viver independente. Cócegas. Faz-mas.

Acho tbm q é a época em q fico mais emo-butter (sim, e daí?) aos problemas sociais. À criança pobre (não atendida pelo Rrrrrrrrronaldinho) que anda descalça e sem roupa na rua, à mãe que se desespera pq acabou o feijão, ou pq o papelão do dia não deu pra pagar o leite. Já vi muito disso numas vilas bem pobres, e o contraste é insuportável em tempos de bom velhinho.

Não, eu não acredito em Xuxa. Nosso IDH é mais que merecido, panacas de Brasília.

Enquanto isso, definitivamente, eu não queria estar segurando a outra ponta da corda.

(hmmmm, acabou o estoque de serotonina, isso é um perigo)

Se alguém me provar que estou errada, agradeço.Mas, por favor: seja convincente, pq eu sou dose pra macaco.

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Random: Pink Floyd - Just ask



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