22.11.02

Anestesia

Poucas coisas me tiram a vontade de sorrir. Poucas mesmo. Há quem me chame de boba, alegre demais, (se eu estiver de boa) tontona, mas eu não ligo. Rir (dizem, espero q não seja conto do vigário) previne o envelhecimento, além de atrair boas energias das pessoas que nos rodeiam. Também ajuda aquele mal humorado incorrigível a pegar no tranco de vez em quando e soltar uma gargalhada. Bom pra ele.

Me sinto muito bem quando percebo que consigo fazer alguém sorrir.

Me sentiria melhor ainda se conseguisse rir de mim mesma um pouco mais.

Andar de sombrinha sem perceber que a chuva já parou, esperar para atravessar a rua e não se tocar que o semáforo está vermelho há (muito) tempo, vestir jaleco pra dar aula, imaginar a peixera na cinta e pedir aos alunos “alcatra, patinho ou costela?”... Há que se dosar, por outro lado, pra não parecer uma eterna criança. Uma boba, alegre demais, tonta. Excessos, como diria a minha mãe (e a sua também, certeza), são um perigo.

Assim como é um perigo danado você perceber, de repente, que não tem mais muita vontade de fazer as pessoas sorrirem. Que o músculo da face não faz o mínimo esforço para se alongar – e, se é “preciso”, nada menos excitante.

Poodles me tiram o humor. Poodles fazendo cocô na via pública, sob a complacência de suas donas, mais ainda. E mais algumas coisas, estou com preguiça de explicar.

Hmmmmmm... taí. Preguiça. Estou com preguiça de sentir, com preguiça de me preocupar, com preguiça de...

“Como tiveste a coragem de enrolar teus humildes leitores neste tempo, terás uma tarde longa, sonífera e de criatividade ainda mais miserável”, disse O criador à criatura impassível.

“Piedade!”, gritou seu tcc, amuado num canto escuro do quarto.

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Por isso que às vezes eu adoro dormir. Pena que alguns sonhos são muito rápidos, queria que durassem mais, sabe?

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