19.1.03

Inveja mata, sabe?

Já havia dito que o pior das viagens é a volta ao lado de bebuns sem noção de ar puro. Hoje, quatro módicos dias sem saber o que é internet (héééin??), descobri que o pior são os spams que se acumulam. Malditos emeios.

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É com certa emoção que falo isso, meu garoto. Disseram-me há adolescências passadas que o curitibano era um ser prepotente (esse era o adjetivo mais dócil), mal educado, metido e outras coisas mais convidativas. Pois bem, uma dezena de "bom dias" e "felicidades pra você" ditos com uma expressão nada despótica fizeram o estigma plantado em terras londrinenses e paulistanas se afundar na terra vermelha. Ao menos, até que me dêem motivo pra tirar a raizinha pra fora.

- Pessimysticus, meu amigo, não pense que toda a leveza dos seres era em razão desta smeagol que vos tecla ser uma turista. Não, não. Não pode ser!

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Até que eu tenha condiçõe$ de viajar em ônibus leito, sem aquela maldita poltrona que me faz escorregar dez em cada 11 vezes, pouco falarei aqui de minha passagem pela capital curitibana; digo, paranaense. Um bocado de minhas impressões (até porque a única interessada em ler isso serei eu, daqui uns anos) se resume a dois pólos de Curitiba que, a meu ver, são bastante contrastantes. Mas sem contraste social, please, que o PT já chegou lá, cumpanhêro.

O primeiro, o mercado municipal. Se memória olfativa não falha, desta vez é que ela não exitará meessmo em se recordar de tão convidativo lugar. Deveras agradável. Senti uma ponta de inveja no osso interno do cotovelo por Londrina não possuir semelhantes instalações. Espaço, mercadoria e gente voraz em bons produtos não nos faltam; não sei o que acontece. Estimo muito o mercado Shangri-lá, mas não é a mesma coisa. E a distância, pra quem é bípede e dura como eu, atrapalha. Ô.

O segundo espaço, na verdade um lugar, de tão grande, é o Novo Museu. Aquele lá, do olho do Lerner, cobiçado pelos olhos paranaenses que ficaram de fora da festa. Magnífico o lugar; acho que, a menos de viaje um pouco mais pra ter mais conhecimento de causa (difícil, héin?), vai ser muito difícil ver outra maravilha da arquitetura moderna como aquela. Salve, Niemeyer. O elevador que dá acesso ao famoso olho (que, de dentro, parece uma colméia) é apenas um detalhe. A diversidade de obras (muitas, mas muitas, mesmo, arte cinética), o bosque que faz fundo à construção e ela, em si, deixam atônitos quem vê certa beleza na ação humana. Uou, uou.

O resto, bem, o resto (nem tão resto assim) foi, no mínimo, compensador. Entrevistei pessoas fabulosas que, com suas palavras e experiências de vida, acenderam aqui dentro uma chama jornalística que já começava a ficar quadrimetrada pela rotina, ou pela faculdade que pouco diz do que encontramos de fato no dia-a-dia. Quatro anos... Bem, isso - assim como a paisagem misturada de lindas construções antigas e inúmeras praças e livrarias (eba) - já valeu as horas de viagem, o sol desgraçado a caminho do museu, enfim, já valeu pela certeza de que estou naquilo que quero. Masoquista ou não, pelo menos a escolha é minha.

Agora vamos à parte chata: decupagens. Iahhh. Quer me ajudar? Então registre-se no Fundo Mútuo Bloco de Notas e faça uma entrevistadora mais feliz. Já pro trabalho, Isaura.

selected - Don't know why - Norah Jones




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