10.1.03

"Haja o que houver, eu estou aqui..."

Voltei, por uns instantes. Apenas pra dar uma dica, depois de um e-mail desconhecido nesta sudorenta manhã de sexta-feira.

"Quem gosta desse grupo normalmente tem bom gosto cultural e boas intenções em relação à humanidade...", dizia-me o final da mensagem. Uou, quanta consideração!

Se pelo menos não é 100% verdadeiro (mas eu juro que me esforço!), o comentário me trouxe de volta à memória uma das coisas mais belas que já vi nessa minha vidinha, sô. Trouxe ainda a certeza de que, dentro em breve, espero, aniquilarei as módicas economias para pessuir um DVD. Ish'allá. Oxalá.

Para quem não conhece, o Madredeus é um grupo musical de Portugal, de quase 16 anos de estrada. Som belíssimo, impetrado pelas “guitarras” de músicos geniais – destaque para o compositor Pedro Ayres Magalhães, simplesmente fabuloso -, mas atenção: jamais confunda, devido ao nome, com alguma banda gospel. Já tive ganas psicopatas ao ouvir isso de vendedoras incautas. “Madredeus? Peraí, ‘bem’, vou ver aqi no Gospel”. Nhaaargh.

*

Ano passado, lá pela metade de abril, abri a página de diversão/cultura do Estadão e a surpresa da notícia: os portugas estariam no Brasil, e já em maio! Enviei a notícia a mio amico, com um só comentário: “Vamos?”. Ele toparia, claro, mas pensou ser uma brincadeira. Não era. (...)

Superados os empecilhos de ser em um teatro na pqp de São Paulo (Santo Amaro; eitcha lugarzinho longe); das pa$$agen$ até a capitar, da hospedagem y otras cositas más (só o capítulo “Ingresso” daria um tomo; deixa pra lá), um detalhe importante (eu reconheço, tá?): o show, num sábado, antecederia o Dia das Mães. Sim, com maiúsculas. Preocupação maiúscula too, resolvida com um convite.surpresa.fatal:

- Mãe, que quer ganhar no dia das mães?
- (resposta padrão das mães)
- Pra eu não me ferrar com presente errado e a sra não ficar mais ferrada ainda, diga se aceita o que quero lhe dar.
- ?
- Show do Madredeus, sábado que vem. Pode arrumar a trouxa, que as passagens e os ingressos estão aqui!

Coitada da minha mãe. Eu soube depois, por fonte fiel, que ela também contou os dias para a visita dos Crocodilos Dundee à metrópole. Apesar da resistência inicial, que charme faz parte, né?

*

Hoje as imagens da Teresa Salgueiro cantando e encenando uns passos portugueses me causa até certa tristeza, de tanto que aquilo me marcou. É, estranho assim. Três bis, 1500 pessoas clamando por “O Pastor” (lembra da abertura da minissérie Os Maias, oh gajo?), 1500 acompanhando em “Haja o que houver”.

Tudo bem, os brutos também amam. Eu, que até então só chorara em poucos filmes, me emocionei toda com a cena, com a música, com a beleza daquilo tudo. Foi a primeira vez na vida – sério – que conheci o verdadeiro sentido da expressão “choro de felicidade”. Danem-se os blasés, que eu sou de carne e osso (mais isso), pô.

Acho que já falei demais. Mas nunca, amiguinho, nunca mesmo vou me entediar ao comentar algo dos madredeus. Talvez por uma questão de cultura, que preservo nos fados que ainda escuto, ou nas lembranças das poucas conversas que tive com o meu avô, da terrinha. Uma pessoa sem memória também é uma pessoa sem história, desculpem-me o plágio descarado, mas essa é a minha verdade.

Até um dia, porque este bloco entra em recesso indesejado devido às atribulações de um ser ordinário chamado TCC. Uma ou outra passagem por aqui, talvez somente para relatar nova aventura de Janaina Dundee – desta vez, em terras curitibanas, semana que vem. Razões igualmente tccétias, mas já rende alguma coisa, visto o meu confinamento aqui no norrrte do Estado, há 4 anos.

Se cuidem, crianças. Que o tempo não pára...

Random: Oxalá – Madredeus



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