10.12.02

A jovem dos 68 anos

A terra dos pés-vermelhos faz aniversário hoje. Velhinha, com corpitcho de jovem, tantas vezes chamada de Pequena Londres (de Londres tem quase nada, só o fog, raro), essa é a cidade que me encantou, quatro anos atrás.

Hoje, minha relação com Londrina é diferente. Não sei se por ter aposentado o olhar de turista, mas ela como que se tornou parte da minha breve história de vida de uma forma natural, quase imperceptível. A família me fez falta, é verdade, mas a saudade da terra paulista foi facilmente aplacada pelas descobertas na dos pioneiros ingleses.

Tenho memória olfativa, há pouco descobri isso. Assim, quando um dia eu quiser me lembrar desse período tão idealizado da faculdade, os cheiros de Londrina vão me sensibilizar a memória. Os cheiros da cidade, os cheiros das pessoas da cidade. Dos passeios no Zerão, do Valentino e Bar Brasil abotoados de fumantes e caretas (como eu), da chuva no campus, das manhãs frias cobertas pela neblina, dos abraços pés-vermelhos.

Saudade do londrinense. Desde antes da mudança, me diziam que era um povo "hospitaleiro, educado", e um monte mais. Verdade, há pessoas solícitas, bem humoradas, perfumadas (minha primeira impressão), mas isso, se você procurar com carinho, encontra em qualquer lugar. Não sei se a tarefa será fácil, mas que encontra, encontra.

Mas, mudando o tom (até porque isso aqui já virou um balde d'água, com tanta pieguice), Londrina também é o reduto dos maus (digo, péssimos) motoristas. Do busão que acelera (eu vejo o riso maquiavélico de canto de boca dos motoristas, meu caro) aos carros sem seta (opcional), o trânsito dessa cidade é um verdadeiro pandemônio em termos de destreza. Medo, muito medo de ser pedestre aqui...

Mas se, mesmo correndo o risco de engrossar as estatísticas da Companhia de Trânsito (todo dia cedo eu me entristeço e espanto com elas); mesmo que você dê o azar de pegar aquela leva de pirralhos no cinema, ou se for surpreendido por mudanças climáticas cadelas, não deixe de dar uma passadinha por aqui, nem que seja só na época do Filo. Se o seu olhar de turista estiver acionado nesse dia, esteja certo que de que ele vai lhe dar uma boa cutucada.

random: Grateful Dead - Ramble On Rose (não, não ponho o hino de Londrina pq ainda não perdi totalmente o bom senso)


Nenhum comentário: