Um post sobre aquele dia, tantos dias
I’m back, mas não daquela Páscoa que eu quero esquecer. Estou de volta de outro fim de semana que me marcou pra sempre, mesmo que outros do gênero me aconteçam na vida, a médio ou longo prazo.
“A primeira (ou única) festa de formatura a gente não esquece”, viviam me dizendo. E, São Tomé que sou, digo que o veredicto é verdadeiro e dou fé. Aliás, acho que como (quase) tudo na vida que acontece pela primeira vez. Difícil explicar as lembranças daquela noite - poderia redigir uma nota sobre o evento, de duração indeterminada (a fonte não revelou o horário em que deixou a festa), que reuniu pelo menos umas trezentas pessoas naquela noite fria de sábado, dia 3 de maio. Dia 3 de maio de 2003 – que, na somatória esotérica de algum numerólogo, não deve explicar muito concretamente o que possa significar. Abster-me-ei, novamente, de buscar essas respostas.
Dia 3 de maio. O contraste entre o estilo descolado, comportado ou recatadíssimo de cada um emenda o feriado do dia do trabalho (que piada esse dia) e põe na labuta longos vestidos, sAltos, ternos combinantes com camisas, sorrisos escapando entre lágrimas. Quatro anos de convivência, paciência, aprendizado – acho que isso é o que me faz crer, entre raríssimos exemplos na docência, que o curso não foi totalmente em vão. Pra uma profissão que nem precisa mais de diploma, fique frau e tente uma vaga em jornaleco, se escrever é a sua praia.
Tão intensos quanto rápidos. Não sei se pela emoção do momento, ou se pela falta de tempo destes últimos tempos, parece que foi há tão pouco tempo aquela manhã em que chorei com meu avô... o jornal, o único que divulgaria a lista de aprovados, sairia apenas no dia seguinte ao do pico da minha ansiedade, controlada a passos rápidos, mas certeiros, da rodoviária (era só lá que eu acharia o exemplar) à casa do meu véio mais querido. O nome naquela minguada seleção, a palpitação de fazer inveja às mulheres de face escarlate que eu detestara nos livros de Alencar, o choro de felicidade (que, até então, desconhecia o que viria a ser), a continuidade do aguaceiro nos braços da minha mãe, no olhar de breve despedida nos do meu pai, na lembrança da minha avó, que havia torcido tanto por mim, mas que não tivera tempo para o abraço final. A ela essa conquista, acompanhada de uma saudade que, tenho certeza, é incompatível com quaisquer besteiras desse mundo que alegra, mas que, não poucas vezes, também entristece demais.
Os desejos de “boa sorte” e “felicidades” adquirem novos contornos, numa fase igualmente nova. O que você espera daqui pra frente?, perguntavam no video. “Se continuar vivo já tá de bom tamanho”, diria o amigo mais querido desse tempo de UEL. Saudades desde já, Fer. E de mais uma pá de coisa de um campus tão lindamente verde quanto isolador, com seus centros a meia légua de distância uns dos outros. Pequenos vilarejos dentro do mesmo espaço, muitas tribos, jogadas todas na mesma caldeira para serem servidas ao calor infame do restaurante. De onde, no fim, vou sentir mais saudades. Ah, aqueles olhares do RU...
Assim como no curso, a edição não foi minha aliada, no final. Faz parte da produção, faz parte, e, sinceramente, sempre gostei mais da tarefa cara a cara da reportagem.
Antes que comecem a não me entender mais (ainda menos, talvez), fico por aqui, porque ainda não ensinaram a Subjetividade Passo a Passo – fascículo 1. Tem coisas que só o tempo mesmo pra dar jeito, outra lição importante que não termina semana que vem, com a derradeira colação.
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Dando seqüência à seção Plagie seu Poeta Favorito, iniciada e abruptamente interrompida há muitos posts, para a felicidade desses nobres cadáveres, hoje eu diria que Pessoa é quem melhor sintetiza esse nó estranho que me enche o peito: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. E a minha cresceu tanto, com tanto fermento que fui e foram jogando, que quando olho pra trás, apesar de passageiro, o caminho valeu muito, valeu pra vida inteira.
Tanx
Já fiz isso, em parte, nos comentários do post anterior, mas gostaria de agradecer, de novo, a todos que, de uma forma ou de outra, lêem com um mínimo de satisfação a notícia de que concluí essa etapa da minha vida. Quando comecei esse blog, não tinha idéia de que forma o caldo entornaria, nem se chegaria a entornar. A verdade é que ele foi espaço pra uma série de desabafos, explícitos ou velados, de alguns desses percalços. O feedback foi muito mais que meros shout outs com smiles animados, garanto a vocês. O que falar então do feedback (e, deixando a coisa ainda mais pedante, tb o feedforward, hehe) dos que literalmente pegaram na minha mão, passaram a mão na cabeça ou disseram o que eu não esperava – mas precisava – ouvir? Tudo a vale a pena, minha gente. E, nesse sentido, eu sou uma pessoa realizada.
Cês tão aqui dentro, bando de chineses.
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Depois de tanto Momentu du Coração (com voz de locutor de pograma Love Songs noturnas de FM, não se esqueça), aviso aos navegantes: começa nesta sexta, dia 9, mais um Festival Internacional de Londrina, o consagradíssimo FILO. Tem início, portanto, a fase do ano mais legal de Londrina, que, por sinal, começa a ver os primeiros gorros de lã saírem às ruas.
Vive les arts!
random: Como nossos pais – Elis
Passe o tempo, passem minhas preferências musicais, venham as rugas ou as aplicações de colágeno, que essa música sempre me trará de volta ao campus da UEL, mais especificamente praquelas bebedeiras de 99.
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