11.5.03

PARA SEMPRE






Por que Deus permite que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite
É tempo sem hora
Luz que não apaga
Quando sopra o vento
e a chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece com
o que é breve e passa
sem deixar
Mãe na sua graça
é eternidade

Por que Deus se lembra
-mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do mundo,
baixaria uma lei:
Mãe não morre nunca,
Mãe ficará sempre junto de seu filho
e ele, velho embora
será pequenino
feito grão de milho.

(Carlos Drummond de Andrade)

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Que a minha (e a sua, seja ela de placenta ou de coração - não que as opções se excluam) esteja sempre aqui dentro, ou lá em casa: que esteja. Nada como, depois do percalço, o abraço final. E recebê-lo num dia como hoje - depois de quatro anos a ver navios, entre provas e trampagens - me faz crer que, no dia das mães (tá, eu sei que é todo dia), a maior presenteada fui eu.




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