Foca em chamas
Murphy não é um mero personagem do imaginário coletivo.
Não é.
*
Depois de percorrer longuíssimas quadras sob este calor cachorro, com sede, uma fila de banco me espera. Ruim? Sim,mas lembre-se Dele: há como piorar. Lembre-se da noite insone sob a leitura torridamente chata, do seu organismo, que já criou resistência feroz ao café forte, e da noite em claro que (novamente sem emoções) vem pela frente.
-Mas tia, ainda há como ficar mais feio?
-Sim, meu pequeno. No caminho para tomar o suco de acerola redentor, você se lembra que aquela conta, aquela mesmo, que dá desconto de 15 pilas SE PAGA ATÉ O DIA 10, vence hoje. E só pode ser debitada onde? Onde? Siiiiiiimmmmmm!!!!!!!!! NO BANCO!
*
- Gora cabô, né, tia? Tá tudo f* mesmo, seu dia tá aquela m*, tá tudo em paz!
- Oh, seres insensatos...Quanta ingenuidade adentra vossos corações, que prófugos que sois, oh oh oh...
A fila do banco vai até que rápida, mas TEM que parar num momento, né? Preciso dizer em quem isso acontece? Creio que não.
Uma escapadela rápida com o olhar busca a TV ali no alto. “Pelo menos ajuda a descontrair”, pensa nossa humilde (e candidamente estúpida) andarilha.
“Boa tarde. A TV Senado apresenta agora a entrevista com o ministro............”
*
Devo ter jogado suco de acerola quente e azedo na cruz, na última encarnação.
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