15.2.11

o livro das perguntas

Semana passada eu assistia ao telejornal preferido quando, súbito, entraram as imagens do incêndio colorido que deixou tanta gente chorosa; outros tantos, inseguros: qual seria a dimensão de tudo aquilo? Haveria o festerê do carnaval carioca?

E então na semana passada eu me assustei (sim, não me desabituei a) com tanta gente caçoando, ironizando a situação daquelas comunidades que passaram meses trabalhando - muitos, em situação mesmo de emprego formal - pra perder, puxa vida, meros "bens materiais". Afinal, diferentemente dos que perderam as 900 vidas (número ainda não fechado) na região da serra fluminense, que era mesmo perder os frutos que objetivavam, numa análise rasa, uma... festa?

Quantas vidas foram resgatadas de escombros diferentes de lamaçais num trabalho desse, de comum-unidade? Não ouvi essa pergunta. Aliás, não ouvi essa pergunta dos mesmos que pregam - que coisa, menino - a solidariedade com o próximo. Solidariedade com aquilo com que eu simpatize, é isso? Não, obrigada. Essa, eu passo.
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"Em que lugar você coloca as pessoas na sua vida? Suas palavras as ajudam a se erguer, ou, encontrando-as feridas, ajudam a marcá-las um pouco mais?"

Essa pergunta ontem deixou tanta gente de cabeça baixa, semblante pensativo, olhares mudos, que não é difícil entender que o caminho, dentro e fora, é longo demais, espesso demais - espesso como lama. E tirar o iceberg resistente a esse meio requer mais que simpatia à própria ideia: requer respeito.

De repente, é como se eu quisesse um mundo feito de Lego. Não vai ter, né? Mas eu posso não subutilizar as minhas peças, não posso? Ah, posso.
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I'll try anything once - The Strokes

Um comentário:

mari disse...

ai, ai, saudadonaaaaaaaaaaaa