19.2.11

o sepapeficoa e eu

Quando se pensa ter noção do quanto ainda se pode viver - ou sonhar viver - a vida adiante, algumas emoções parecem ser eternas. E esses verbos de ligação, vou te dizer uma coisa, são uns danados.

O eterno coração na garganta ante cheiro, semblante parecido ou a lembrança mais forte de pessoas ou situações marcantes.

O eterno sentimento do sublime que se almeje eterno. A eterna busca pela simplicidade, cumplicidade, partilha, sem que isso resvale pro lugar-comum da esquálida rotina.

A eterna saudade. E a eterna vontade de esquecer que reforça, não entendi bem ainda, eternidade ou saudade. Dúvida eterna?

Aí você se lembra do tempo, verdadeiro senhor do eterno, e descobre - naturalmente - que o coração não é assim tão irracionalmente tolo na proporcionalidade: deixa de bater naquela estaca de desconforto temporário. Substitui, enfim, as reticências pelos pontos finais.

E então você olha pra mesa ao lado, vê passado e presente naqueles segundos-chave e nota os verbos que os ligam, sem adjetivos. Foram. São. E nem por isso a noção de que se tem muito ainda a viver - ou sonhar viver - a vida acabou: é que o caminho pode ser uma belezinha também na temporalidade indefinida.

Um alívio hoje, tanto (e bota tanto) tempo depois, ter indícios dessa certeza.
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you and I - wilco

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