11.1.11

ponto transitável de alagamento

Os ouvidos acostumados aos fones estranharam quando a mensagem pelo alto-falante do metrô se estendeu além do habitual próxima-estação, dois pontos. Era pra todo mundo descer, que aquele trem seria recolhido. Pressa demais pra conjecturar. Os cinco lances de escada 'rolante' (ótima agilizadora pra gente como eu) em 10 segundos ainda vão me fazer voltar à corridela de rua. Tô no esquema, cedinho.

Atrás da linha amarela de segurança - imaginação voa longe sobre essa suposta "segurança" -, olhei pro lado pra ver quantos falsos desalojados, nesse dia de desabrigados de verdade, estavam ali em situação semelhante. Toda a calma pra constatar e aí sim conjecturar, fôlego recobrado: 10 pessoas naquela entrada de porta. Oito delas prestando atenção à tela minúscula do celular, melhor estilo cara-crachá, 9 com fone de ouvido. Alheias, aparentemente completamente alheias, a seus acompanhantes anônimos.

Lembrei do "Walking dead", o seriado fantástico (literalmente ou não) dos humanos que tentam encontrar a salvação contra os zumbis e achar o resto da civilização não "contaminada". Quem for mordido, adeus: é a morte certa pra ressuscitar, ávido por sangue e carne, como um "deles".

Pensei no presentinho que vou postar via Correio, depois de tantos anos, e na preguiça que estava me dando a ideia de escrever uma carta (tenho duas pra). Lembrei dos zumbizinhos da estação Paraíso e mudei de ideia: tenho no máximo só mais 5 minutos aqui - acho que é mais que suficiente pra se achar o CEP da pessoa querida.

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Pra sonhar - Marcelo Jeneci

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