Não sei se é a proximidade dos 30 anos – e sim, tem datas que me marcam até demais – ou o quê, mas tenho pensado mais na minha vida do que vinha pensando. Do que gostaria de pensar. Do que teria que já ter pensado.
Esses dias eu tinha um fusca laranja-escuro com portas cinzas; um espetáculo, o danado. De repente eu colocava uma turma pra ser levada de um lado a outro daquela cidade que não era Londrina, e aquelas pessoas que me eram próximas, mas não eram os meus amigos. Os amigos das sextas-feiras terapêuticas (pra todos), os amigos do durante-a-semana e do há muito sem se ver e sem se falar, mas firmes lá no latifúndio. Atemporalidade linda, essa.
Aí eu vi que, além da tonalidade bastante discreta, meu fusca tinha também (Smallville, te cuida) uma capa. Parei um instante e vi que a tal capa tinha um furo quase na borda. O fusca continuou rodando, com capa furada, mesmo aquilo me deixando incomodadinha.
Identificar o furo e viver com ele não impede o trânsito, mas haja função quando a tentativa é arranjar linha pra consertá-lo. Não fecha. Não dá pra esquecer que ele está lá, não tem como trocar a droga da capa, saco.
Vou comprar uma bicicleta. Ajuda?
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"Viver é subir uma escada rolante pelo lado que desce". Li isso num livro da Lya Luft (eu, que não me imaginava lendo Lya Luft, bebendo Ades ou comendo queijo branco) e concluí que a bike não resolve.
Ouvi que só fica pra escutar até o fim aquele que verdadeiramente ouviu o som do coração, da alma da gente, e pensei que até que a capa está inteirinha, com aquele furo. Afinal, é um dos primeiros, apenas.
Deixar-se lapidar - oh, céus - é preciso.
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One time too many - Phoenix
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