28.8.03

Caríssimos,

eis-me cá. E acolá, desde ontem. Menina super decidida que sou, ainda não defini se deixarei este módico espaço no limbo de sua lagoa azul (snif), ou se serei amante e amásia. Não sei. Enquanto isso, um pouco mais de lorotas hão de vir, não pensem que se livraram de mim, oh, ingênuos.

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Pouco decidida o escambau. E ontem eu descobri isso, em meu primeiro caso autêntico de jornalismo investigativo - acho que o seminário internacional sobre o tema, em maio (?) desse ano, foi só a pontinha de algo que eu avistava lááá nos cafundós de minha carreira no futuro.

Futuro: eis algo em que não tenho tido tempo (nem coragem) pra pensar. Pensar demais estressa, perceber certas coisas que não se queria também, falar com gente autoritária e arrogante, então, nem se fale.
Mas o pior é trazer isso tudo aqui. Definitiva e marqueteiramente, ninguém merece.

Hasta la vista, cabrones.

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random: I am the ressurrection – Stone Roses

25.8.03

sem título 2 - óleo sobre tela

Há quase três meses, quando comecei nessa loucurada de trabalhar em centímetros de texto, por dia, ouvindo depois algum feedback de leitor (coisa rara, a quem vinha de web), achava que minha primeira manchete seria, digamos assim, trivial.

Mas confesso: aqueles números garrafais, e em vermelho, me assustaram.
Não tanto pelo tamanho - exagero de editor? Apelo de banca? Sensacionalismo? Ou o fato, em si? Ainda não tenho malícia o suficiente pra distingüir. Quem sabe depois de mais umas chapudas e diálogos internos eu consiga responder.

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Depois de uma tarde de domingão toda fora, chego na redação e o editor me recebe com um riso de canto de boca, como que dizendo “novidades, babe”. A matéria tinha repercutido; uma equipe dos supostos “ofendidos” havia procurado o jornal com uma “carta-manifesto” (eu diria um relatório de nada mais que obrigações, mas ok, não contrarie) explicando por A+B que 2 mais 2 não é 4: é menos. Realmente, o número 4 é apenas mais um nas cifras do que nossos “representantes” ganham. Pra cima de mim?

O que me grila, nessa vida de semi-foca (perguntarei aos meus veteranos quando termina –e se já terminou – tão singela fase), é até que ponto algumas feridas devem, ou precisam, ser mexidas. Orientação de cima pra baixo é carne de vaca em qualquer lugar (menos em casa de filho mimado e birrento, vá); eu sei. Tinha que saber, aliás, antes de entrar nessa profissão.

Mas de alguma forma, apesar de angustiante (após avistá-los na seqüência de uma curva de estrada), foi bom ver aqueles barracos todos do jardim União da Vitória, um dos mais pobres aqui de Londrina. Foi o tapa na cara, a teoria jogada naquele buraco de esgoto que vi, de que jornalismo de serviço e jornalismo neutro não são, definitivamente, sinônimos. Mas claro que não se excluem.

– Garrafais e e em vermelho, sim, senhor. Vermelho como a ferida daquele moleque sujo, descalço, me pedindo um passe. São os números quem dizem, vá se entender com eles.


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Apesar de o meu estado de espírito estar mais pra cinema/pipoca ou vídeo/pão de queijo/cobertor, o churrasco de sábado foi proveitoso. Mesmo eu não estando lá, estando.

E, para o bem da imprensa londrinense (e para o mal de muita gente), ninguém explodiu uma bomba pesada – música brega ainda não faz taaaaanto estrago, né?

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Viva a diversidade? Pff.

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Chega. Chatice tem limite.
Só não é, ainda, o mesmo que maleducação. Assim, obrigada pelos toques de medicina oriental, Vítor. Deveras úteis, minha cabeça agradece :-)

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random: Coffe + TV – Blur

19.8.03

sem título

Tenho pena de quem continua chegando aqui procurando por “frases de otimismo”. Tsc.

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Não sei se alguém já disse isso, mas eu falo espontaneamente, sem nenhuma intenção (descarada) de plágio: as piores distâncias são aquelas que nós cultivamos aqui dentro.
Às vezes me dá um alívio pensar assim, porque detona com meus velhos conceitos de irreversibilidade.
Hm.

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Hoje eu ouvi uma música tão fofa que até minha enxaqueca deu uma trégua.
Mas ela é companheira assídua nesses dias; fez questão de voltar.
Assim, se alguém de Londrina souber de, me diria sra. Kato, “terapias alternativas” contra essa lasqueira desgramada do inferno (leia com erres caipiras, por favor), plis, sou toda ouvidos e olhos. Desde que dito baixinho e sob luz amena, que o contrário disso castiga o ser.

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Derradeira:

Je veut sortir.
(só não me pergunte de onde, nem para onde)

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random: In my life – Beatles
N.A.: valeu, amiga.

11.8.03

Leia antes de morrer

Tem certas bobagens que eu adoro.

Outras, que me fazem pensar no sentido da vida.
Eis um trechinho:

Happy hour aumenta chances de sucesso na carreira, diz estudo
da France Presse, em Edimburgo (Reino Unido)

As pessoas que saem depois do trabalho para beber com os amigos têm mais chances de serem promovidas no emprego do que as que não gostam de happy hour, revela um estudo realizado na Universidade de Sterling, na Escócia, e divulgado hoje pela imprensa britânica.
N.R.: Bar Brasil, aqui vamos nós, futuros chefes de redação.

Ah, claro. Já ia me esquecendo que este é um espaço, antes de democrático (para comigo), bastante dedicado à cultura de nosso povo. Então .

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Dedos duros de frio. Previsão de mais geada. Uma rádio gospel que (rejeita!) interfere nas caixas de som do micro.
Nossa, pimpolhos, como a tia reclama.

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random: Eternal life – Jeff Buckley
(um dos melhores veneninhos dos últimos meses)

10.8.03

Uma bicuda no tabuleiro, e eu fico bem


A viagem a Sampa, semana passada, me saiu os olhos, testa, bochechas, espinhas e dentes da cara. Mesmo assim, se pudesse, encararia a busanga parativa a Little Golds, sexta à noite, só pra entregar a meu pai mais alguma caixinha enfeitada com outra beatle coisinha dentro. Neurado da Silva, esse gosta dos descabelados, tá loco.

Mas como eu não poderia contrair a doença do sono, como a Paula bem me sugeriu (nosso S.A.C. anotou sua dica!), muito menos dar balão em compromissos de genti grandi (e tb de gente compromissada, oh Disus), eis-me nesta manhã super gelada redigindo notícias para... ninguém. Isso aí.

A (como diria um colunista daqui, hehe) "bonita mensagem" no canto esquerdo da página de nosso servidor, "Microsoft OLE DB Provider for ODBC Drivers error '80004005' " (etc), entre alguns substantivos que mocinha não deve escrever aqui (mas dizer tá ok), me fez repetir uma palavrinha que eu, particularmente, detesto.

Frustrante, frustrante, frustrante.
Pior que isso, só a dupla terrêvel flagrante/fragrante. Se bem que ela traz bem menos saudades.

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Eu ia fazer pão hoje, pela primeira vez na vida, e orientada por minha mentora alimentícia, dona Gláucia, via Sercomtel.
Valeu, servidor saltimbanco trapalhão. Você me paga.
E em fermento, ovos, farinha, e o mais caro: tempo.

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Por falar em saltimbanco, não teve jeito. Achei que conseguiria, este ano, me livrar daquela maldição, mas foi mais forte. Assim como na gerência crítica da novela das oito (tarefa na qual sou auxiliada com afinco e destreza pela companheira Hérika, repórti e republicana), não consegui chegar em casa depois do Criança Esperança. Não deu, eu bem que quis, eu relutei, chorei de pavor, mas não resisti à tentação de ver mais e mais podrera à mercê de opiniões deveras sádicas.

Na verdade, mais que ajuda às crianças desnutridas de Pindaíba do Norte (rejeita, maldade, rejeita!), vejo aquele circo como uma comprovação empírica, ao vivo e em playback, do que tio Murphy (de novo ele) queria dizer quando balbuciava ao pé da cama, já cansado de tanto pregar e ser incompreendido, que "tudo que está ruim pode piorar".

Pois é. Kelly Key chamando Uanessa Camargo, que chamou Maurício Mattar e Angélica (ugh!-mor), que chamaram uma Xuxa punk!, que chamou Daniel (não tudo necessariamente nessa ordem, mas a intenção é a mesma) são a "nata" da teoria murphiniana. Literalmente, o fundo do poço, a rapa do tacho, a ramela do cantinho.

E eu ainda sujo isso aqui descrevendo as ilustres presenssas, oh céus. Melhor rmesmo meu pai se privar de criaturas subversivas, acabei de crer.

...

Ah, suspiro : (

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random: Cê tá pensando que eu sô lóki? – Arnaldo Baptista

8.8.03

Accidental life


Dia dos pais.
Materinha sobre papis jovens na agência; na conversa com o Thom (cuja filhota, Malu, chega a este mundo louco em dezembro), a sentença:

- Hehe, Janis, tá com cara de quem precisa dormir mooito!
- Dahnn?

*

Semana com sueldos en las manos, mas arregaçada enquanto pessoa humana, a nível de bagaço. A mente não aceita, mas o corpo denuncia que estou me senilizando gradual e enfaticamente. Que canseira, que dor nos olhos, nos dedos, n'alma - principalmente nela. E o mais cadelo de tudo isso: eu não sei por que raio de motivo.

Oh.

*

Na falta do que postar (aliás, estou tendo aulas práticas de especialização nesta modalidade de pilantragem), deixo aqui o apoio incondicional e sorrateiro ao Claudinho em seu ódio imortal ao moleque idiota das Casas Bahia. Há um tempo (na verdade, desde que o sujeito aparece nas telas) que nutro esse tipo de rancor fundamentado (não ouse discordar) de tão abominável figura. Agora que notei que não estou só nessa barca, afundemo-la em piche quente desde já.
O motivo para tanto rancor? Certeza que quereis saber, oh, crianças? Acaso imaginais que é ter um mínimo mindinho minguado de tempo e disposição para ver a (spetacular spetacular) programação da TV aberta e deparar com ... aquilo? Mala, puta mala.
E olha que eu tô longe da menopausa.

Pior que isso só um político que, esses dias, apareceu umas quatro vezes seguidas em inserções de intermináveis 30 segundos abrindo o diálogo com o amigo leitor, digo, telespectador, com um respeitoso "Eu peço licença para entrar na sua casa".
Vá se catar, mameluco. E o incrêvel é que eu ainda assisto, parece que só pra xingar.


*

Agora toca ao vivo CPM 22 a seis quadras da minha casa. Que honra. Que coceira.
E eu creio mais e mais e mais e mais em Murphy e sua corja do mal.

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PORQUE BLOCO DE NOTAS TAMBÉM É CULTURA!


Se.ni.li.da.de

[De senil + -(i)dade.]
S. f.
1. Qualidade ou estado de senil; decrepitude.
2. Idade senil.
3. Fraqueza intelectual resultante da velhice.

Aí eu lembrei que esses dias me zoaram porque escrevi um "velotrol" em um textozinho mais descontraído. Trocaram pelo frio e muderno "triciclo". E então lembrei que hoje me cortaram (em igual tipo de texto) um "despudorado".
Salve Auréio, essa caixa de Pandora.

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Depois de muito ler sobre o assunto (rá), concluí que estou com a Síndrome de Burnout.
E que, Janis, você precisa mesmo dormir. E parar de alugar os outros com tanta besteira.

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random: Nana nenê / que a Cuca vem pegar