25.8.03

sem título 2 - óleo sobre tela

Há quase três meses, quando comecei nessa loucurada de trabalhar em centímetros de texto, por dia, ouvindo depois algum feedback de leitor (coisa rara, a quem vinha de web), achava que minha primeira manchete seria, digamos assim, trivial.

Mas confesso: aqueles números garrafais, e em vermelho, me assustaram.
Não tanto pelo tamanho - exagero de editor? Apelo de banca? Sensacionalismo? Ou o fato, em si? Ainda não tenho malícia o suficiente pra distingüir. Quem sabe depois de mais umas chapudas e diálogos internos eu consiga responder.

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Depois de uma tarde de domingão toda fora, chego na redação e o editor me recebe com um riso de canto de boca, como que dizendo “novidades, babe”. A matéria tinha repercutido; uma equipe dos supostos “ofendidos” havia procurado o jornal com uma “carta-manifesto” (eu diria um relatório de nada mais que obrigações, mas ok, não contrarie) explicando por A+B que 2 mais 2 não é 4: é menos. Realmente, o número 4 é apenas mais um nas cifras do que nossos “representantes” ganham. Pra cima de mim?

O que me grila, nessa vida de semi-foca (perguntarei aos meus veteranos quando termina –e se já terminou – tão singela fase), é até que ponto algumas feridas devem, ou precisam, ser mexidas. Orientação de cima pra baixo é carne de vaca em qualquer lugar (menos em casa de filho mimado e birrento, vá); eu sei. Tinha que saber, aliás, antes de entrar nessa profissão.

Mas de alguma forma, apesar de angustiante (após avistá-los na seqüência de uma curva de estrada), foi bom ver aqueles barracos todos do jardim União da Vitória, um dos mais pobres aqui de Londrina. Foi o tapa na cara, a teoria jogada naquele buraco de esgoto que vi, de que jornalismo de serviço e jornalismo neutro não são, definitivamente, sinônimos. Mas claro que não se excluem.

– Garrafais e e em vermelho, sim, senhor. Vermelho como a ferida daquele moleque sujo, descalço, me pedindo um passe. São os números quem dizem, vá se entender com eles.


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Apesar de o meu estado de espírito estar mais pra cinema/pipoca ou vídeo/pão de queijo/cobertor, o churrasco de sábado foi proveitoso. Mesmo eu não estando lá, estando.

E, para o bem da imprensa londrinense (e para o mal de muita gente), ninguém explodiu uma bomba pesada – música brega ainda não faz taaaaanto estrago, né?

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Viva a diversidade? Pff.

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Chega. Chatice tem limite.
Só não é, ainda, o mesmo que maleducação. Assim, obrigada pelos toques de medicina oriental, Vítor. Deveras úteis, minha cabeça agradece :-)

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random: Coffe + TV – Blur

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