Uma sensação estranha de que o ano se resumiu a uns poucos meses, poucas semanas, quando na verdade se passou na maior parte, e o acúmulo de informações e de cansaço o extrapolam.
Sensação de que uns pares de anos não são nada e ao mesmo tempo são muita coisa. De que décadas, no ranger dos dentes, não passam de poeira a ser limpa. Ou de que horas, dias, semanas e meses se solidificam espaçada e incomodamente quando o belo que os representa --ainda que, fato, apenas numa fotografia --deixa que os olhos se percam no tempo.
Esses olhos são teimosos demais, meu Deus.
Não sei, mas viver e pensar e agir com simplicidade requerem uma sabedoria que ainda não descobri. Quem sabe espanando a minha própria poeira, consiga encontrar algo numa superfície de textura que hoje me é indefinida; a ver.
O curioso é que tem feito dias de muito sol e pouca névoa.
O curioso é que eu insista em me surpreender.
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