Não fosse pelo informativo da assessoria da universidade, nem lembraria mais que o Dia do Professor, nas instituições, é comemorado com um singelo recesso. Pra mim ficaram mesmo a data e os nomes todos que ela me remete - alguns mais, outros menos detidamente na memória.
Engraçado como a gente chamava as professoras de tia fulana, tia sicrana, há 20 e tantos anos (meu Deus...), e isso não soava desrespeitoso. Hoje, é tudo mais impessoal. Também não vislumbro como seria diferente, confesso.
Lembro da tia Marilena, minha professora da primeira série que usava de uma artimanha toda dela pra aplacar meu choro dos primeiros dias de aula: elogiava minha letra. "Olha como a letra dela é boniiita!", e mostrava pros coleguinhas do lado, cúmplices no pequeno golpe que contava, ainda, com a posse da chave da cópia da chave do carro da minha mãe, que trabalhava no colégio. O bacana dessa fase (pras mães) é que criança não difere muito chave original de cópia.
Nunca me esqueço da tia Ercília, professora da pré-história do meu currículo escolar, antigo parquinho. Não sei se a nomenclatura existe ainda, "parquinho", antes do "prézinho"; só sei que tia Ercília misturava qualidades de educadora e de quem, durante toda uma tarde, ainda cuidava de uma filha (e de tantos outros) que não era a dela: tinha um carinho singelo, zeloso, discreto. E marcante, pra sempre. Quando fiz 6 anos, naquele novembro de 86, ela me chamou num cantinho da sala, enquanto a turma se esbaldava nos brinquedos do parque, e me deu um abraço de felicidades. Nas mãos, tinha a fabulosa "lousa mágica", febrinha da criançada que podia, e que, dias antes, ela tinha de aniversário dado a outro aluno da sala - sobrinho e afilhado dela.
Anos atrás minha mãe me deu a notícia da morte abrupta de tia Ercília, causada por um câncer aparentemente raro e muito difícil, portanto, de tratar. Até hoje - acho que lá se vão uns seis, sete anos, já - me lembro dela também nas orações em que penso na familiarada que se foi, nos amigos da família, nos parentes queridos dos amigos queridos.
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Viva em carne, osso e mais um monte de mecanismo de sustentação que, graças a Deus, ela exibe hoje, minha mãe foi a felicitada da data. Foi a depositária do que eu gostaria de ter dito à tia Ercília, a tantas outras 'tias' e ótimos mestres que tive, adolescente e adulta, e dos tantos exemplos que tive em casa, uma casa de professores. Foi Gláucia quem me alfabetizou e quem me mostra que as lições de superação são pra uma vida inteira: não param no parquinho, numa sala de diagnósticos médicos e muito menos nas esquinas dessa vida.
E isso não tem lousa capaz de apagar.
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Sobre o amor e seu trabalho silencioso - Céu
16.10.09
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3 comentários:
Não sei se eu que sou de outro planeta ou os professores q passaram pela minha vida que eram uns esquisitos, mas não tenho recordação alguma deles.... aaaffff
Eu tb sou da época do parquinho. Eu lembro bem de quase todos meus professores e tias! Cada um do seu jeito bizarro de ser!
Bjo
pronto, deu um nó na garganta...droga de texto boniiito...imagino você escrevendo na sua letra boniiita hahaha...bjo
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