29.5.11

fotossíntese

A perda do bonde. Do ônibus. Do "avião de linha" (porque, afinal, o avião é - e não é - meu). É recorrente essa figura nos meus sonhos, não sei nem há quantos anos já. Pouco, mas pouquíssimo recorrente é aquela coisa de você acordar, se ligar que estava no meio de um sonho e decidir: vai voltar de onde parou, assim, como se a consciência fosse mera espectadora de um mundo paralelo sob o qual o controle é facultativo.

O curioso de acontecer isso hoje pela quarta vez (em mais de 30 anos) foi perceber que cinco minutos de sonho - talvez os mais afobados das minhas eternas perdas de viagem - equivaleram a exata uma hora de vida; o rádio-relógio judia, mas não mente. Na real, isso não tem importância alguma: me basta o alívio de acordar dessa vez (após muitas-e-espetaculares horas de sono) com a dúvida de ter perdido ou não a bendita condução. Porque, dessa vez, tinha duas razões de vida segurando o ônibus pra mim na rodoviária.
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Na outra ponta do meu sonho, talvez nas horas bem anteriores, encontrei novamente uma praia onde mãe e filho me acompanhavam na vacina contra a gripe. Muita conversa e afinidade, e um rosto conhecido ao largo, na orla, misturado, nele próprio, a outras feições também conhecidas.

Gozado, mas nem é questão de eu ser má fisionomista, não. Acho que minha memória talvez seja mais esperta do que eu pense, porque ela simplesmente deu pra me confundir. Cefalotórax + abdôme no que passou, é mais ou menos por aí.
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Lá fora faz uma vento gelado de doer os ossos. Bom pra se manter bem acordado.
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Eu tinha escrito o último texto pra esse blog. Postei. Deletei. Também é recorrente o pensamento de que tem algo ali adiante, e o meio de transporte até lá, ainda que eventualmente se perca por negligência, não cessa.
Esse movimento é contínuo. Ao menos, se pretende ser.
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