Carregou cuidadosamente os morangos. "São os mais vermelhos e os mais suculentos" - eram o presente de sobremesa, embalado no gesto de carinho que deixou o nó na garganta, enfim, depois de mais uma espera que trouxe ansiedade e muito, bastante alívio.
Juntou o pé-de-moleque nos quadradinhos empilhados, cortados sem aquela precisão fria por aquelas senhoras tão ternas, mas feitos um a um com a devoção a Santo Antonio. Devoção das cantigas, entoada num italiano que, há anos, junta as vozes das crianças às dos septuagenários.
Aí pensou nas sobremesas que ofertou e que recebeu. Nas vidas que adoçou e nas vidas que lhe acudiram daquele paladar árido imposto pelo silêncio obsequioso e obrigatório das ruas.
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Hoje, açúcar convertido, é a metáfora infame do copo a que persegue os sonhos e a paralelice dos caminhos decorados.
É que o copo vive cheio, e cheio além da conta pra uma caneca diferente daquelas que ganhou, resistentes e cada uma com uma pequena-mas-importante-história-suportável à memória.
Sempre que o espaço desse copo-caneca insiste em dizer que não cabe mais, a poça em volta denuncia - mais uma vez - a negligência e requer - novamente - a solução paliativa pelos panos que sugam esses pingos que insistem em ser. Todo dia, ao que consta e emudece, costuma acontecer.
Bobagem cobrar simplicidade dos grandes mistérios, imagino.
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A verdade sobre o tempo - Pato Fu
15.6.10
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3 comentários:
"Hoje, açúcar convertido, é a metáfora infame do copo a que persegue os sonhos e a paralelice dos caminhos decorados."
Credo, tá ficando boa nesse negócio de escrever, hein!
Hahaha!
Bjo
Caramba, fui entrar no seu blog, com o endereço certinho, e a página dava erro... que susto!
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