15.6.10

dessert é assim

Carregou cuidadosamente os morangos. "São os mais vermelhos e os mais suculentos" - eram o presente de sobremesa, embalado no gesto de carinho que deixou o nó na garganta, enfim, depois de mais uma espera que trouxe ansiedade e muito, bastante alívio.

Juntou o pé-de-moleque nos quadradinhos empilhados, cortados sem aquela precisão fria por aquelas senhoras tão ternas, mas feitos um a um com a devoção a Santo Antonio. Devoção das cantigas, entoada num italiano que, há anos, junta as vozes das crianças às dos septuagenários.

Aí pensou nas sobremesas que ofertou e que recebeu. Nas vidas que adoçou e nas vidas que lhe acudiram daquele paladar árido imposto pelo silêncio obsequioso e obrigatório das ruas.
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Hoje, açúcar convertido, é a metáfora infame do copo a que persegue os sonhos e a paralelice dos caminhos decorados.

É que o copo vive cheio, e cheio além da conta pra uma caneca diferente daquelas que ganhou, resistentes e cada uma com uma pequena-mas-importante-história-suportável à memória.
Sempre que o espaço desse copo-caneca insiste em dizer que não cabe mais, a poça em volta denuncia - mais uma vez - a negligência e requer - novamente - a solução paliativa pelos panos que sugam esses pingos que insistem em ser. Todo dia, ao que consta e emudece, costuma acontecer.

Bobagem cobrar simplicidade dos grandes mistérios, imagino.
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A verdade sobre o tempo - Pato Fu

6.6.10

geada queima

seja cedo, à noite, na madrugada quieta, é fato: no inverno, cada passo é uma coragem diferente.
(da série pequenos-ensinamentos-de-um-dia-a-dia-de-sempre)
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é preciso acreditar para desacreditar.
(outra)
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"bem vinda ao clube dos que acreditaram em Papai Noel", ela me disse. "e bem vinda à realidade: também existe o clube dos filhasdasputas", assim, sem meias palavras, completou, pra depois dar o sentido amplo que o termo, aparentemente só chulo, pode ter. que pode ter nessa vida. "triste daqueles que nunca acreditam". e foi então que aquilo me deu um alívio imenso.
só não esquenta.
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se cuidas de mim - tiê e tiago bettencourt