O moço na fila do restaurante, ontem à noite, me alertou: "Cuidado, moça. Essa colher tá quente. Se for se servir, pega com cuidado". Os borrachudos que atacaram a mesma mão direita (e pernas, braços, cotovelos...) horas antes, em frente à unidade prisional onde cumpria a pauta, não tiveram o mesmo zelo comigo. Mão gorda, mão gorda.
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É curioso como algumas pessoas tentam esconder fatos criando outros. Ontem, agente público preso sendo solto, um sujeito passa à frente de equipes de reportagem, dando rasteira e recebendo o apoio do irmão do ex-detento (que pedia pro carro seguir "reto", ou seja, à nossa frente), xinga Deus e o mundo. Em cinco anos e pouco de cobertura política, confesso que certas coisas ainda me assustam. O ser humano sempre é surpreendente, não tem jeito – e talvez o dia em que eu deixar de pensar assim, imagino, será pra mim uma constatação surpreendentemente triste.
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Cheguei à minha mesa desordenada, no fim do dia, e havia uma caixa bonita com um bilhete em cima: agradecimentos pelo retorno do "membro querido da família" (sim, o tal sujeito que eu acabara de ver saindo sob escolta da claque) e, dentro dela, três fatias de (pizza? Não,) bolo. Bolo de aniversário. Amigos e colegas haviam comemorado à tarde os três aniversários da semana, na gentileza de um companheirão de anos de casa. Comemoraram também o trote do ano. Pata, patinha.
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A colher quente, o bolo guardado (três fatias; olha a pujança), a articulação de alguns vários só pela reação à pegadinha e a frase que encerraria minha noite, de fato, antes daquela do moço no restaurante: "só se oferece aquilo que se tem".
Surpreendentemente simples, é verdade.
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Tempos Modernos - Lulu Santos
6.11.09
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2 comentários:
o bolo era de que? "vou te contar que é de chocolate, querido" (Lenir singing)
hahaha!!!
era sim, capoeirista!! (hehe, que-ri-do)
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