Take 1 - o carro capota. É rodovia, não chove (acabara fazia pouco), mas faz um céu cinza de doer os olhos, e, num ziguezague de pista ribanceira abaixo, lembrando (sabe Deus como) aquele jogo do Atari, ela vê o veículo se entrelaçar com os demais. Baita capote; ainda dá tempo de pensar nos ossos. Só que é tudo tão rápido que logo o carro volta pra pista e, mesmo meio amassado, continua o trajeto de volta pra casa.
E dentro do carro, ela a assiste tudo, só que do lado de fora. Abismada e sem surpresa.
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Take 2 - o amigo morre. Não o amigo: o melhor amigo. Logo vem o nó na garganta, a sensação de solidão potencializada por saber que, por Deus, quem mais entenderia aquilo sem chamar de judiêra, sem fazer troça ou sem pseudo-filosofar sobre o mal do homem moderno? Só ele compreendia o tamanhão daquele nó. Mas agora acabou, se transformara numa lembrança, como a vida até aqui. Só que tudo é tão rápido que de repente ele aparece na frente dela, com aquele sorriso cúmplice, e fala: "meu bem, isso é um sonho", assim, dentro do. Ele segue no trajeto, seguimos. Abismada e aliviada, volto ao travesseiro.
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Quando eu era criança acreditei em Papai Noel e coelho da Páscoa. Assisti Xuxa, também, confesso. Hoje gosto de Bob Sponja e ouço gírias que remetem a ele, no bom e no mau sentido. Descobri que é bom e péssimo ser Bob Sponja. É tão rápida a diferença, e aparentemente tão besta, mas ela faz é toda, a diferença.
[Agora indiferente, constato que é melhor eu comprar logo minhas passagens e lembrar do que realmente vale a pena]
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Chá verde - Tiê
29.9.09
16.9.09
Suitsweet
Olhei a foto ampliada e fechei o olhos por um instante. Me vieram, na hora, os semblantes daquela gente aguardando pelo retorno de uma aeronave que não retornaria (não naquele momento), mas que, ao contrário, daria lentamente uma meia longa volta para acenar com a decolagem, rápida, sem tempo pro pensamento deixar a segunda lágrima cair. Pra muitos ali, senti, tanta agilidade do PR-VBI de pouco ou nada adiantou.
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Um pedaço ampliado de foto, uma parte de um vácuo que o coração, assim como os olhos daquelas pessoas, vai ter que ser ágil em corrigir. A decolagem é rápida, ao contrário das horas mais simples ou das mais ordinárias do dia. Muita coisa se amplia no vácuo, aprendi um dia, faz tempo.
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Entre imagens de sonho e de alguma doce fugacidade, de fundo, uma voz me faz um pedido. Então, eu abro os olhos de novo.
[abro pra constatar também, depois de cinco horas de uma espera insana madrugada adentro, que SUS e plano de saúde, quando mais se precisa deste, podem ser a mesma droga. O que muda é o pagamento em duplicidade]
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Dois - Tiê
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Um pedaço ampliado de foto, uma parte de um vácuo que o coração, assim como os olhos daquelas pessoas, vai ter que ser ágil em corrigir. A decolagem é rápida, ao contrário das horas mais simples ou das mais ordinárias do dia. Muita coisa se amplia no vácuo, aprendi um dia, faz tempo.
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Entre imagens de sonho e de alguma doce fugacidade, de fundo, uma voz me faz um pedido. Então, eu abro os olhos de novo.
[abro pra constatar também, depois de cinco horas de uma espera insana madrugada adentro, que SUS e plano de saúde, quando mais se precisa deste, podem ser a mesma droga. O que muda é o pagamento em duplicidade]
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Dois - Tiê
1.9.09
i used to say
Preocupações tão comuns em vidas aparentemente tão esparsas nos fazem ver que tudo não passa de uma caixinha onde, volta e meia, uma mexidinha de leve mostra que os cantinhos estão ali, menos distantes do que se imagina. E é tão bom perceber isso de vez em quando que é tão bom que..... Puxa.
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Couve, laranja, morango, maçã, um pedacinho de cenoura e uma adoçadinha de leve, com mel, tudo muito bem coado. Sempre achei que sucos com folhas eram sucos de saladas; foi esse o gosto sentido numa primeira e longínqua vez - não com esses ingredientes -; foi esse o gosto que foi pro espaço na conversa com um amigo inteligente (também) pras coisas da terra, e, de vez, na tarefa noturna com o liquidificador. Redescobri o prazer de cozinhar pra mim, ainda que o suco não compreenda, obviamente, o duo panela/fogão.
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No hospital, a enfermeira me perguntou se eu era irmã da amiga que eu fora buscar, recém-saída de um pequena cirurgia da qual morro de aflição, morro. Ela, um dos meus anjos da guarda dias atrás, era agora quem precisava da minha ajuda, nem que fosse praquele abraço ou pra levá-la pro aconchego dos filhos. Tão simples, mas uma sensação tão grande do "isso não tem preço" me tirou, voluntária um involuntariamente, alguns sorrisos no caminho de volta. O longo caminho da volta pra casa.
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Um trecho daquela música de antigamente, sugerido delicadamente, pra eu meu lembrar durante toda a semana.
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No telefone, a constatação besta do outro lado de que eu estava pasma por sem sentir assim: bem besta. No sentido mais desnudo da palavra.
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Um e-mail em que desponta um filetezinho da lanterna que pensava escondida nos recônditos do marasmo. Bem verdade que a lanterna eu achei; tô trocando as pilhas gastas da danada.
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Fôlego pra mais alguns quilômetros de corrida nos próximos dias.
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E tudo segue rumo à Primavera, a estação mais bonita do ano e na qual que os dias começam a despontar cada vez mais cedo. Que assim seja.
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5 Discos - Fernanda Takai
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Couve, laranja, morango, maçã, um pedacinho de cenoura e uma adoçadinha de leve, com mel, tudo muito bem coado. Sempre achei que sucos com folhas eram sucos de saladas; foi esse o gosto sentido numa primeira e longínqua vez - não com esses ingredientes -; foi esse o gosto que foi pro espaço na conversa com um amigo inteligente (também) pras coisas da terra, e, de vez, na tarefa noturna com o liquidificador. Redescobri o prazer de cozinhar pra mim, ainda que o suco não compreenda, obviamente, o duo panela/fogão.
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No hospital, a enfermeira me perguntou se eu era irmã da amiga que eu fora buscar, recém-saída de um pequena cirurgia da qual morro de aflição, morro. Ela, um dos meus anjos da guarda dias atrás, era agora quem precisava da minha ajuda, nem que fosse praquele abraço ou pra levá-la pro aconchego dos filhos. Tão simples, mas uma sensação tão grande do "isso não tem preço" me tirou, voluntária um involuntariamente, alguns sorrisos no caminho de volta. O longo caminho da volta pra casa.
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Um trecho daquela música de antigamente, sugerido delicadamente, pra eu meu lembrar durante toda a semana.
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No telefone, a constatação besta do outro lado de que eu estava pasma por sem sentir assim: bem besta. No sentido mais desnudo da palavra.
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Um e-mail em que desponta um filetezinho da lanterna que pensava escondida nos recônditos do marasmo. Bem verdade que a lanterna eu achei; tô trocando as pilhas gastas da danada.
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Fôlego pra mais alguns quilômetros de corrida nos próximos dias.
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E tudo segue rumo à Primavera, a estação mais bonita do ano e na qual que os dias começam a despontar cada vez mais cedo. Que assim seja.
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5 Discos - Fernanda Takai
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