Pegue os cacos do coração. Cole os cacos do coração. Transforme-o em um coração que (novamente) bata de verdade, não em um que meramente sobreviva.
Junte as memórias, selecione todas que devam ir para o liquidifica-dor e deixe em repouso. Depois de um tempo, é só pensar que memória é o agora que, já amanhã, se transformará em ontem. O que vem de antes do agora pode desandar a mistura pelo coração que (mais uma vez) bata de verdade.
Enxugue aquilo que insista em tentar desandar o espírito empreendedor de quem se empenhe na tarefa. Sugestão: use o conteúdo umidificante ao liquidificar as memórias; talvez seja relaxante. Mas não garanto. (grifo nosso)
Esqueça o banho-maria: essa receita carece de agilidade, ou a colagem não será a necessária para o resultado final.
Sirva-se, se puder.
Porque eu não posso. Não me - EU, é fato - enxergo ainda o suficiente.
* * *
Os sonhos nem sempre são os mais reconfortantes; pelo contrário. Alguns deles têm a capacidade de me deixar triste um dia, alguns dias. Bendita saudade.
Alguns sonhos, contudo, podem ser, ainda que tristes, mais leves que a realidade que se avoluma sem chance de sonhar acordada. Eu bem que tento, mas o guardião do portão lembra que, em vez de chave para entrar, eu preciso mesmo é de um liquidificador.
* * *
Horizontes se fecham, horizontes se abrem. E a vida vai.
* * *
random: Oração ao tempo - Caetano Veloso
9.12.07
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