suspiro.sem.açúcar
Como uma amiga escreveu dia desses, às vezes a gente se pega nas chamadas sinucas de bico. Olha pra um lado, olha pro outro, mas estão só eles lá: a caçapa ameaçadora, o taco impiedoso. E a bola preta mandando uma banana bem grande, irônica, lembrando que você é só mais um naquele palco verde de vergonha.
Lá pelos 8 anos, tinha certeza de que queria ser dentista. Talvez pela admiração pela 'tia' que cuidava dos meus dentinhos de leite, sei lá. A relação com a diabetes de minha avó, a rotina em hospitais que isso gerou e mesmo o sonho dela de me ver médica, no Hospital de Botucatu, me incutiram outra pretensão de gente grande - e tola. Sem poder ver sangue, muito menos sem sequer poder imaginar uma sutura, a idéia caiu por terra bem em cima da hora, fim do colegial, como tinha de ser comigo. A hipótese de que um velhíssimo hábito pudesse sacramentar uma forma de vida tocou fundo, abracei o jornalismo e tive enfim aquela certeza irretocável do que queria, finalmente, me tornar para a vida.
Dois anos de formação acadêmica depois, hoje eu tenho a certeza do que não quero ser, em hipótese alguma. É como na religião: há o sagrado, há o profano. Me imaginar lambendo chão ou tendo de recuar daquilo em que acredito, misturado à sensação de que o que é ruim pode piorar ainda mais, atordoa. Aniquila. Entristece. Decepciona. Ata.
Sutura é o de menos, pessoa.
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random: Cuide bem do seu amor - Paralamas
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